Resumo

As Florestas Secas representam o ecossistema que sofre mais ameaça em regiões tropicais e que continua a ser um dos mais procurados ambientes para ocupação humana, desenvolvimento e produção. As espécies vegetais nestas regiões enfrentam estresse hídrico e não raro necessitam de crescerem na forma de regenerantes devido à exploração indevida, criação de gado e queimadas. Após sofrer dano crítico, a floresta passa a se regenerar gradativamente, passando de pasto aos estágios de sucessão ecológica inicial, intermediário até tardio conforme as espécies e idade das plantas ali presentes. Os Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) desempenham um papel fundamental no crescimento e até tolerância/resistência dos vegetais expostos a estresses ambientais por tornar melhor a absorção de água e íons de baixa mobilidade no solo, como o fósforo. No entanto trabalhos com espécies de micorrízas que colonizam vegetais de Matas Secas são escassos. Dentre os FMA, o gênero Glomus foi o primeiro descrito e é hoje o mais rico, representando 50% das espécies de FMA. No presente estudo foram coletados solos do Parque Estadual da Mata Seca, Norte de Minas Gerais nos estágios de sucessão ecológica inicial, intermediário e tardio. O solo passou pelo processo de extração de esporos por meio do método de peneiramento úmido complementado pelo método de centrifugação em gradiente de densidade. Estes esporos foram analisados levando em consideração a base morfológica utilizada até hoje pelos taxonomistas para os estudos taxonômicos dos FMA. Os critérios para identificação desses fungos usados foram forma, coloração, dimensão dos esporos, forma de inserção da hifa no esporo, número, espessura e coloração das camadas da parede. As espécies do gênero Glomus identificadas foram Glomus aggregatum, Glomus albidum, Glomus badium, Glomus caledonium, Glomus callosum, Glomus clarum, Glomus coronatum, Glomus corymbiforme, Glomus geosporum, Glomus insculptum, Glomus tortuosum e Glomus trimuralles. As áreas de sucessão intermediária e inicial apresentaram maior abundância quando comparadas com as áreas de sucessão tardia, provavelmente por apresentarem um estrato vegetal herbáceo-arbustivo como cobertura vegetal. Tal trabalho lança base para que novos estudos com FMA possam ser realizados no futuro e assim auxiliem na conservação e regeneração de Florestas Secas.