Resumo

Coleções de culturas são centros de excelência, funcionando como unidades de conservação ex-situ, mantendo e estudando um "pool" genético para gerações futuras, e oferecendo serviços fundamentais para a comunidade científica e tecnológica. A Micoteca URM, do Departamento de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco, foi fundada em 1954 pelo professor Augusto Chaves Batista e apresenta um acervo diversificado de leveduras e fungos filamentosos, dentre os quais destacam-se espécies do gênero Penicillium A URM é filiada ao WFCC sob o número 604. Espécies de Penicilliumpor produzirem em geral, vários compostos de interesse biotecnológico, com destaque para indústrias alimentar e de bebidas, são frequentemente solicitadas à Coleções de Culturas para estudos, visando a produção destes compostos. Entretanto, estas mesmas espécies podem produzir metabólitos secundários de importância econômica, tais como micotoxinas. Micotoxinas são metabólitos secundários de baixo peso molecular, sendo alguns desses compostos potenciais agentes nefrotóxicos e carcinogênicos a humanos e outros animais. Dentre as micotoxinas produzidas por Penicillium, destaca-se a OTA. Esta toxina é considerada citotóxica, nefrotóxica, carcinogênica, teratogênica e imunossupressora, apresentando efeitos tóxicos como danos ao DNA. Torna-se então necessária a caracterização destas espécies pelas Coleções quanto à produção de micotoxinas, como a OTA. O objetivo deste trabalho foi caracterizar 34 espécies de Penicillium isoladas de solos de Caatinga e Mata Atlântica, preservadas na Micoteca URM, sob óleo mineral. As espécies foram reativadas e autenticadas taxonomicamente. Para indução da produção de OTA as espécies foram inoculadas em Extrato de Levedura Sacarose (YES), incubadas a 25 ºC por 7 dias, em seguida foram retirados três fragmentos de ágar de 5 mm e transferidos para frascos de vidro ambarino de 4,0 mL, onde 2,0 mL de metanol foi adicionado. Após 60 minutos, os extratos foram filtrados utilizando filtros de seringa PFTE de 0,45 µm e analisados por HPLC. O padrão de OTA utilizado foi adquirido da Sigma-Aldrich. Nenhuma das 34 espécies testadas produziu OTA, fato que pode estar relacionado das mesmas terem sido isoladas de solos. Todas as espécies testadas podem ser importantes ferramentas para a produção de compostos de interesse biotecnológico.