Resumo

O mal de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que se desenvolve progressivamente com a morte dos neurônios produtores de dopamina, concentrados na substância negra. O aparecimento da doença está ligado a mutações ou alterações na expressão do gene SNCA, o qual codifica a proteína alfa-sinucleína, cuja função, apesar de não totalmente compreendida, está relacionada com a liberação de neurotransmissores, como a dopamina. Uma característica dessa neuropatia é a formação de agregados proteicos (corpos de Lewy), que levam a um aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) na mitocôndria. A levedura Saccharomyces cerevisiae, tão utilizada industrialmente, é um ótimo modelo para o estudo de patologias humanas a partir da expressão de genes a elas relacionados. Para utilizá-la como modelo para a doença de Parkinson, o gene SNCA foi inserido em células de levedura e os efeitos fenotípicos de sua expressão foram analisados, à temperatura permissiva de 30°C, através de curvas de crescimento em meio mínimo respiratório e por desafios com oxidantes, como a menadiona. Analisamos, também, a estabilidade do DNA mitocondrial através da frequência de formação de colônias petite, ou seja, com grandes alterações no material genético da organela, em meio rico com glicose com réplica em meio respiratório. Aqui, mostramos que a produção de &alpha-sinucleína é prejudicial ao crescimento de S. cerevisiae e causa maior sensibilidade à seleção respiratória, produzindo um fenótipo semelhante a um desafio da linhagem parental com o agente oxidante menadiona, sendo um bom modelo para Parkinson. Mostramos, também, que essa sensibilidade deve-se, provavelmente, à instabilidade do genoma mitocondrial. Esses resultados são extremamente importantes para o estudo de terapias com antioxidantes naturais, como a melatonina, um hormônio produzido pela glândula pineal de mamíferos no escuro. Apoio: FAPESP, CAPES e CNPq