Resumo

Os alimentos de origem animal podem conter bactérias resistentes a diversas classes de antimicrobianos de importância clínica. Neste contexto, o isolamento de cepas de Enterococcus spp. e Staphylococcus spp. multirresistentes a partir de amostras de alimentos de origem animal tem sido descrito, e este fato é preocupante porque: i) estas bactérias podem causar infecções oportunistas graves após colonizarem o trato gastrointestinal humano, ii) genes de resistência carreados por tais bactérias, se localizados em elementos genéticos móveis, podem ser transmitidos para outros membros da microbiota intestinal. Neste trabalho descrevemos o isolamento de Enterococcus spp. e Staphylococcus aureus resistentes a antimicrobianos de carnes e queijos comercializados em São José do Rio Preto, SP. As amostras foram homogeneizadas com água peptonada tamponada e incubadas por 24h/37 ºC. Após, alíquotas foram inoculadas em Ágar Baird Parker e Bile Esculina. Colônias típicas foram submetidas a teste de catalase e coloração de Gram. O ágar cromogênico CPS foi usado para a confirmação da identidade dos isolados indicativos de Enterococcus spp. O perfil de suscetibilidade aos antibióticos foi determinado por disco-difusão de acordo com o CLSI. Foram obtidos 19 isolados de Staphylococcus spp., sendo 7 de carnes suína e de frango e 12 de queijo Minas Frescal. Entre estes se observou que 64% apresentaram resistência a tetraciclina, 24% a ampicilina, 20% a penicilina, 8% à ciprofloxacina e norfloxacina, 4% à linezolida e teicoplamina. Além disso, observou-se resistência intermediária a ciprofloxacina e norfloxacina em 36% destes isolados. Foram também recuperados 42 Enterococcus spp., sendo 3 isolados de carnes bovina e de frango e 39 de queijo. Entre estes se observou resistência à tetraciclina em 20% das amostras, a linezolida e estreptomicina em 15%, a ciprofloxacina em 12,5%, à norfloxacina, vancomicina, teicoplamina e fosfomicina em 7,5%, ao cloranfenicol e a penicilina em 2,5%, além de resistência intermediária a ciprofloxacina em 40%, a norfloxacina em 35%, a vancomicina em 22,5% e à linezolida em 15% das amostras. Mais estudos são necessários para se determinar se estas cepas têm origem nos manipuladores ou na cadeia produtiva destes alimentos, mas sua mera presença já caracteriza um risco para a saúde dos consumidores.