Resumo

Água tratada para diálise é o principal componente do fluido de diálise, utilizado no tratamento dialítico, em pacientes renais crônicos, com o objetivo de facilitar a normalização do balanço eletrolítico e a remoção de substâncias tóxicas de baixo peso molecular presentes no plasma. A qualidade química e microbiológica é essencial para evitar riscos adicionais aos pacientes. Os componentes do sistema de tratamento de água para diálise podem favorecer o desenvolvimento microbiano, especialmente bactérias Gram-negativas não fermentadoras de glicose, que podem estar associadas a bacteremias e ocorrência de reações pirogênicas. Este estudo teve por objetivo verificar a ocorrência de bactérias Gram-negativas não fermentadoras de glicose em amostras coletadas nas 170 clínicas do Estado de São Paulo, no biênio 2010-2011, em cumprimento ao Programa Estadual de Monitoramento da Qualidade de Água Tratada para Diálise, embora este parâmetro de avaliação não conste da RDC n°154/2004, que estabelece o regulamento técnico para funcionamento dos serviços de diálise. Para a pesquisa de bactérias Gram-negativas não fermentadoras foi realizada a técnica recomenda pela APHA para a pesquisa de Pseudomonas aeruginosa em águas e sistema de identificação bioquímica API 20NE. Foi verificado que 76,9% das 339 amostras avaliadas apresentaram a presença deste grupo de micro-organismos, tendo sido identificadas 12 espécies, das quais o complexo Burkholderia cepacia (40,4%) foi o mais prevalente, seguido de Ralstonia pickettii (12,7%), Pseudomonas aeruginosa (5,3%), além de outras espécies. Os resultados obtidos, associado ao reconhecimento da necessidade da qualidade da água na prevenção de riscos aos pacientes dialíticos, conduzem à necessidade de revisão e adoção de parâmetros adequados quanto à presença de micro-organismos indicadores, como Pseudomonas spp e outras bactérias Gram-negativas não fermentadoras.