Resumo

O surgimento de bactérias resistentes a múltiplas drogas tem sido apontado como um problema para a saúde pública. Staphylococcus aureus é um dos agentes mais importantes associados às infecções em ambiente hospitalar e adquiridas na comunidade, incluindo o S.aureus meticilina-resistente (MRSA). Durante anos, a vancomicina tem sido usada como droga de escolha no tratamento de infecções por MRSA, no entanto, o surgimento do S.aureus resistente à vancomicina (VRSA) e vancomicina-intermediário (VISA) tem dificultado a terapia antibacteriana. Neste contexto, novos compostos quimioterápicos para o tratamento e controle de infecções por estes micro-organismos têm sido amplamente estudados e desenvolvidos. A obtenção e utilização de moléculas com ação antimicrobiana produzidas por micro-organismos é uma alternativa de grande potencial para o controle de bactérias multirresistentes. O objetivo deste trabalho foi avaliar através da microscopia eletrônica de varredura e transmissão, a atividade antibacteriana de um composto de Pseudomonas aeruginosa (F3d) sobre cepas de MRSA. O composto F3d (fração acetato de etila) foi obtido através da técnica de cromatografia líquida à vácuo. As cepas de MRSA foram avaliadas quanto à atividade antibacteriana através de disco-difusão e determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM). As alterações celulares na cepa MRSA N315 em presença de F3d foram observadas através das técnicas de microscopia eletrônica de varredura e de transmissão, em diferentes tempos de incubação (30 min, 2 h e 4 h). O composto apresentou atividade antibacteriana para todas as cepas de MRSA com a CIM de 125 μg⁄mL. As imagens obtidas através das microscopias revelaram a presença de depressões e deformações na parede bacteriana, em apenas 2 h de incubação. Após 4 h de incubação ocorreu destruição total (restos celulares) das bactérias. Estes resultados mostraram que o composto pode alterar a morfologia de estruturas bacterianas, como a parede celular, em pouco tempo de contato. Assim, o nosso trabalho mostrou que compostos extracelulares bacterianos podem ser uma das alternativas para o controle de infecções bacterianas, principalmente para as multirresistentes.