Resumo

Introdução: As infecções do sistema nervoso central (SNC) acometem, anualmente, milhões de pessoas em todo o mundo, e estão relacionadas a elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Enterovírus (HEV), Herpesvírus 1 e 2 (HHV-1 e 2) e Adenovírus humanos (HAdV) são importantes agentes etiológicos destas infecções. O objetivo deste trabalho foi detectar tais vírus através da reação de Nested-PCR e analisar os resultados obtidos em conjunto com as características quimiocitológicas e epidemiológicas das amostras. Materiais e Métodos: Amostras de líquor foram coletadas de pacientes com suspeita de infecção do SNC, atendidos no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012. O material genético viral foi extraído através dos kits Qiaamp DNA Blood - Qiagen e MagMAX™-96 Viral RNA Isolation (Ambiom) em extrator automático MagMAX™ Express (Applied Biosystems). As amostras foram testadas pelas técnicas de PCR e Nested-PCR para a detecção de HEV, HHV-1 e 2 e HAdV. Dados quimiocitológicos das amostras, idade e diagnóstico de entrada dos pacientes foram analisados e comparados aos resultados obtidos após as reações moleculares. Discussão dos Resultados: Foram processadas 63 amostras, das quais 4 (6,3%) foram positivas exclusivamente para HEV e 1 (1,6%) foi positiva, simultaneamente, para HEV e HAdV. Até o momento não foram detectados HHV-1 e 2. Das 5 amostras positivas, 3 pertenciam a pacientes com idades entre 0 e 5 anos. Com relação ao diagnóstico de entrada, duas amostras positivas pertenciam a pacientes com diagnóstico de meningite e duas a pacientes com febre à esclarecer. Em 4 das 5 amostras positivas a celularidade estava elevada (≥5 células/mm³), e em apenas 3 destas havia predomínio de linfócitos, característica clássica de infecções virais do SNC. Uma das amostras positivas apresentou celularidade negativa. Em 4 das 5 amostras positivas os níveis de proteínas eram normais, o que não condiz com quadros de infecção do SNC. Conclusão: O perfil quimicitológico das amostras positivas detectadas neste estudo foi variável, e nem sempre condizente com o adotado como padrão clássico de conduta diagnóstica das infecções virais do SNC. Nem sempre todos os parâmetros estão alterados de forma a permitir o fechamento preciso do diagnóstico. É fundamental a confirmação laboratorial através da efetiva detecção do vírus.