Resumo

Uma das principais manifestações em relação aos pacientes transplantados renais é a candidíase oral. C. albicans é a espécie predominante na cavidade oral de indivíduos saudáveis, constituindo de 60 a 90% do total de isolados. Candida spp. apresentam alguns fatores de virulência, incluindo a capacidade de aderir a células epiteliais bucais humanas (CEBH). Neste trabalho, objetivou-se realizar a confirmação da identificação taxonômica de Candida spp. isoladas da cavidade oral de pacientes transplantados renais provenientes de Natal-RN e Maringá-PR, avaliando-se a capacidade de adesão dos mesmos, bem como os genótipos mais frequentes de C. albicans. A identificação taxonômica foi realizada utilizando-se CHROMAGAR Candida®, prova do microcultivo e metodologia clássica (auxanograma e zimograma). Realizou-se a triagem de C. dubliniensis através das provas de crescimento a 42ºC e caldo Sabouraud hipertônico. Para a avaliação da capacidade de células de Candida spp. aderirem às CEBH, padronizou-se o ensaio de forma que existisse uma proporção de 10:1 (células de C. albicans X CEBH), incubadas a 37 ºC por 1 hora (200 rpm). O número de células de Candida aderidas a 150 CEBH foi determinado por observação em microscopia óptica. Para avaliar a variabilidade genética entre os isolados de C. albicans foi empregada à técnica de genotipagem ABC. Foram identificadas 71 leveduras de Natal-RN, sendo: 59 C. albicans (83,1%), 5 do Complexo C. parapsilosis (7%), 3 C. tropicalis (4,2%), 2 C. glabrata (2,8%) e 2 C. dubliniensis (2,8%). Em Maringá-PR, foram encontrados 16 isolados de C. albicans (88,8%), 1 de C. tropicalis (5,5%) e 1 de C. glabrata (5,5%). Quando comparamos a capacidade de adesão às CEBH dos isolados do presente estudo, observamos que os isolados de C. albicans apresentaram-se mais aderentes (média de 233 células de Candida/150 CEBH) que os de Candida não-C. albicans (média de 130 células de Candida/150 CEBH). Dos 77 isolados de C. albicans, o genótipo A foi o mais frequente (72%), seguido dos genótipos C (19,5%), B (3,9%) e D (2,6%; equivalente a C. dubliniensis). A superior capacidade de aderência de C. albicans, quando comparadas às cepas de Candida não-C. albicans, poderia parcialmente justificar a prevalência desta espécie na candidíase oral em pacientes transplantados renais, estando o genótipo A bem adaptado ao microambiente da cavidade oral.