Resumo

Diferentes estratégias de biorremediação são empregadas para descontaminação de solos contaminados com petróleo, inclusive no Brasil pela Petrobrás. A Baixada Santista é muito susceptível a contaminações provenientes de derramamentos de petróleo e petroderivados, e será ainda mais, devido às descobertas de jazida de petróleo e gás na Bacia de Santos. Existe a necessidade de se conhecer o potencial de microrganismos autóctones de ambientes estuarinos de degradar petroderivados. O objetivo deste trabalho foi selecionar, pelo método de enriquecimento, microrganismos de manguezal capazes de degradar diferentes petroderivados. A amostra de sedimento foi coletada em dois pontos de manguezal (46º 24’ 16,05’’W, 23º 59’ 12,03’’S), sendo o 1º na borda do rio e o 2º no meio da vegetação. Para o isolamento, 10g foram colocados em frascos (250ml) contendo 100ml de meio líquido sintético BH com diferentes salinidades (0%, 2%, 5%, 7% e 10%) e óleo diesel, óleo de motor ou gasolina (1%) como única fonte de carbono. Os frascos foram mantidos em agitação (200rpm), 28°C. Em intervalos de 7 dias foram feitas três sucessivas transferências para novos meios com mesma constituição. Foi feito isolamento por estriamento em Ágar nutriente e Sabouraud (com cloranfenicol) a partir das 1ª e 3ª passagens e nos intervalos de tempo de 3 e 7 dias após incubação. Foram isolados 202 microrganismos e 36 deles foram testados para degradação dos três petroderivados, avaliada pela redução do 2,6 diclorofenol-indofenol (DCPIP) usando a mesma condição de cultivo descrita. Destacaram-se cinco microrganismos capazes de degradar totalmente todos os três petroderivados (gasolina, óleo diesel e óleo de motor) em até 24horas após a adição do DCPIP. Análise por microscopia óptica após coloração de Gram revelou que todos são leveduras e esforços serão feitos para a sua identificação. Os resultados evidenciam o grande potencial biotecnológico da biodiversidade de manguezais apesar do considerável nível de impacto antrópico devido às atividades portuárias da região. Microrganismos deste ecossistema são selecionados para viverem em solo com baixa oxigenação, salinidade, pH e conteúdo de matéria orgânica extremamente variáveis e sujeitos às variações das marés.