Resumo

Amostras de MRSA SCCmecIV emergiram inicialmente na comunidade em pacientes sem fatores de risco para a aquisição de infecções hospitalares por MRSA. Entretanto, recentemente, estas linhagens foram também associadas a infecções em pacientes hospitalizados. O estudo teve como objetivo investigar aspectos epidemiológicos clássicos e moleculares em infecções de natureza hospitalar por amostras de CA-MRSA e HA-MRSA. O estudo foi realizado no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), no período de Setembro de 2006 a Setembro de 2008. As culturas de S. aureus foram obtidas no laboratório de microbiologia clínica do HC-UFU e, aquelas classificadas como não-multirresistentes foram submetidas aos testes genotípicos (multiplex PCR, PFGE e MLST). Os dados dos pacientes foram obtidos nos respectivos prontuários. No total, foram selecionadas 206 amostras de MRSA, com apenas 45 (21,8%) não-multirresistentes das quais oito foram identificadas como SCCmecIV e 87,5% como do clone ST5 de origem hospitalar, pela técnica de MLST. Estas amostras foram discriminadas em seis pulsotipos pela técnica de PFGE. Este clone de HA-MRSA (CC5/ST5, PVL-) estava relacionado com diversos tipos de infecções hospitalares, destacando-se: infecções de corrente sanguínea, pneumonias, infecções de sítio cirúrgico e infecções de pele e tecido mole; e fatores de risco como: procedimentos invasivos e uso de antimicrobianos. Em apenas uma criança a amostra foi definida como de origem comunitária (paciente ambulatorial), correspondente a um episódio de otite média. A presença do clone pediátrico (ST5, PVL-) na etiologia de infecções de natureza hospitalar, foi detectada em aproximadamente 4% das amostras de MRSA recuperadas no período, caracterizando-se pela existência de apenas um clone, disseminado em todo o hospital, mas sem relação temporal e espacial entre os casos, e mortalidade inferior à observada quando de infecções pelo clone clássico de MRSA hospitalar. Agradecimento ao apoio financeiro concedido pela Fapemig