Resumo

O uso constante de antibióticos provocou o desenvolvimento da resistência microbiana e, por esse motivo, novos fármacos microbicidas derivados de plantas têm sido amplamente investigados. Aloe vera (Aloe barbadensis) produz um exsudato (látex) rico em compostos antracênicos que possuem ação microbicida. Dentre os fungos que têm desenvolvido mecanismos de resistência aos antifúngicos encontram-se as leveduras do gênero Trichosporon. Tal fato justificou a investigação da atividade antifúngica de Aloe vera sobre leveduras do gênero Trichosporon. Realizou-se a extração por meio de uma incisão profunda em folhas frescas, e o volume total, coletado em um béquer de vidro, foi submetido à liofilização. Dissolveu-se o extrato seco em DMSO (dimetilsulfóxido) para obtenção da solução-mãe na concentração de 2.000 μg/mL, e, em seguida, foram efetuadas diluições seriadas para a obtenção das concentrações de 1.000; 500; 250; 125; 62,5; 31,25; 15,625 e 7,8125 μg/mL, em caldo RPMI-1640. Analisaram-se quinze (15) cepas de Trichosporon spp., sendo três (3) amostras padrão CBS, uma (1) de T. asahii CBS 2479, uma (1) de T. ovoides CBS 7556 e uma (1) de T. inkin CBS 5585, e as doze (12) restantes de T. asahii isoladas de diferentes sítios. Candida albicans ATCC 10231 foi empregada como cepa controle. Todas as amostras estavam mantidas sob refrigeração no Laboratório de Microbiologia Clínica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNIFAL. Foi realizado o teste de controle de atividade de DMSO frente a todas as cepas analisadas. Efetuou-se o teste de susceptibilidade pela técnica de microdiluição, em placas de 96 poços, segundo a metodologia CLSI (2005). Após a incubação por 24 e 48 horas, realizou-se a leitura das microplacas em um aparelho leitor de ELISA, no comprimento de onda de 530 nm. O valor de CIM50 (CIM necessária para inibir o crescimento de 50% das amostras) obtido para todas as amostras analisadas foi de 500 μg/mL, tanto em 24 horas quanto em 48 horas. Estes dados apresentaram-se compatíveis com o valor de CIM obtido por Asamenew et al. (2011) com o látex de Aloe harlana sobre Candida albicans, que foi de 400 μg/mL.