Resumo

Introdução: As micobactérias não-tuberculosas (MNT) têm emergido como importantes microrganismos associados a surtos e/ou pseudo-surtos de Infecções relacionadas à Assistência à Saúde (IrAS). O diagnóstico definitivo de uma infecção por MNT requer a identificação do microrganismo através de culturas em meios apropriados, testes fenotípicos e moleculares. O período de incubação pode variar de uma semana a 24 meses. Objetivo: Descrever casos de IrAS por MNT em Goiânia-GO, cujas culturas foram realizadas pelo LACEN-GO. Metodologia: Foi realizado no LACEN-GO, um estudo descritivo e retrospectivo, de 01/01/2008 a 30/05/2012. Foram selecionados 39 casos de pacientes com IrAs, após procedimentos cirúrgicos, com cultura positiva para MNT. Resultados: Foram observados isolados provenientes de implantes de prótese mamária por motivos estéticos (24/61,6%), exerese de nódulos seguidos de mamoplastia de reconstituição (03/7,8%), redução de mama (03/7,8%), lipoaspiração (04/10,3%) hérnia umbilical (01/2,5%), aplicação de colágeno (01/2,5%), implante de prótese de joelho (01/2,5%), abdominoplastia (01/2,5%), prótese peniana (01/2,5%). Os pacientes eram oriundos de 18 instituições envolvendo 21 cirurgiões plásticos e 01 profissional leigo (esteticista) que realizou mesoterapia. As amostras clínicas constituíam-se de secreções de mama/29, abdominal/04, peniana/01, articulaçã/01, abscesso/01, seroma de glúteo/pernas/02, fragmento de mama/01. Foram isolados M. fortuitum(15), M. brisbanense (05), M. peregrinum (07), M. abscessus(07), M. senegalense (01) M. mageritense(01) M. conceptionense (01), um caso sem identificação de espécie e um cuja identificação encontra-se em andamento. A faixa etária mediana foi de 32,8 anos com extremos de 19 e 66 anos. Apenas um paciente era do gênero masculino (35 anos), submetido à prótese peniana. O tempo médio entre o procedimento e o surgimento dos sintomas foi de 47,8 dias (mínimo de três e máximo de 182 dias). As manifestações tardias foram observadas nos procedimentos de lipoaspiração. Conclusão: As IrAS por MNT continuam ocorrendo como casos isolados ou pequenos surtos, os quais, na maioria das vezes, não são notificados à ANVISA. Faz-se necessário uma maior vigilância das Comissões de Controle de IrAS, para evitar o surgimento de novos surtos de grandes proporções, como os ocorridos nos últimos anos em vários estados do Brasil.