Resumo

A emergência de enterobacterias produtoras de carbapenemase tornou-se um desafio para a terapia, enzimas como K. pneumoniae carbapanemase (KPC) podem conferir resistência a múltiplas classes de antimicrobianos, incluindo todos os beta-lactâmicos disponíveis, fluoroquinolonas e aminoglicosídeos. Devido a sua rápida disseminação tem atingido proporções endêmicas nas instituições, revelando-se um grande problema de saúde pública. Este foi um estudo retrospectivo para analisar os primeiros casos de enterobactérias produtoras de KPC no HU/UFSC. O primeiro caso confirmado foi um isolado urinário de E. coli em janeiro de 2012. Os isolados de enterobactérias foram identificadas por automação (Vitek2), apresentaram resistência ao Ertapenem e foram confirmadas como produtoras de KPC por PCR. O estudo incluiu isolados de 36 pacientes recuperados até dezembro de 2012, os dados foram obtidos através da análise de prontuários. Do total de 36 pacientes, 27 (75%) foram admitidos na UTI, 32 (89%) utilizaram cateter venoso e 19 (53%) fizeram uso de ventilação mecânica durante o período de internação. A faixa etária média foi de 52.2 anos (19 a 86 anos), 64% dos pacientes eram do sexo masculino. Muitos pacientes vieram transferidos de outras instituições de saúde (15) ou tiveram internação prévia nos últimos noventa dias (6), em 10 pacientes o isolado foi recuperado nas primeiras 48 horas de internação. Entre as espécies confirmadas como produtores de KPC destacaram-se K. pneumoniae com 34 isolados, E. coli com 1 isolado e E. cloacae com 1 isolado. Os isolados foram provenientes de hemocultura (5), urocultura (9), secreção traqueal (4), tecido (1) e swab anal para cultura de vigilância (17). Dos pacientes estudados, 14 foram a óbito (38,8%), incluindo todos aqueles cujo microrganismo foi isolado de amostra de hemocultura e amostra de secreção traqueal. O grande número de casos seguintes ao primeiro isolamento, incluindo os muitos pacientes que chegaram à instituição colonizados ou infectados, reforçam o tamanho do problema a ser enfrentado. A valorização do estudo dos mecanismo de resistência nos laboratórios de microbiologia e o apoio e fortalecimento do controle de infecção nas instituições de saúde são medidas cruciais para evitar que antimicrobianos essenciais se tornem obsoletos.