Resumo

A citricultura é um dos setores mais competitivos e de maior potencial de crescimento do agronegócio no Brasil. O Brasil é o maior produtor mundial de laranja e de suco concentrado. A citricultura sempre enfrentou problemas relacionados à suscetibilidade a doenças e, dentre elas, está o cancro cítrico. A cancrose tipo A é causada pela Xanthomonas citri subsp. citri (Xac), enquanto os tipos B e C tem como agente causal a Xanthomonas fuscans subsp. aurantifolii tipos B (XauB) e C (XauC), respectivamente. A cancrose do tipo C restringe sua patogênese às plantas de Citrus aurantifolia. Quando inoculada em folhas de laranjeira Pêra, XauC causa uma resposta de hipersensibilidade (HR). Esta resposta é responsável pela contenção do patógeno no sítio inicial de infecção, conferindo resistência da planta ao patógeno. XauC causa HR em todas as espécies cítricas, exceto em lima ácida Galego, onde causa cancro. A hipótese do trabalho é que XauC secreta uma proteína efetora que é reconhecida pelo sistema de defesa dos citros (exceto pela lima ácida Galego), desencadeando a HR. O objetivo do presente trabalho foi produzir uma biblioteca de mutantes de XauC, por meio da inserção aleatória de transposon Tn5 in vivo utilizando o EZ::TN Insertion Kit (Epicentre), e encontrar mutantes que apresentem fenótipo alteado em laranjeira Pêra e/ou em lima ácida Galego. Uma biblioteca contendo 8.000 mutantes foi produzida e 292 já foram testados in planta em triplicata. Destes, 16 apresentaram sintomas característicos do cancro cítrico em laranja Pêra e não HR. O DNA desses mutantes está sendo sequenciado para determinar qual gene foi interrompido em cada caso pela inserção do transposon Tn5. O produto destes genes possivelmente desempenham um papel importante na virulência e/ou patogenicidade de XauC e/ou na determinação do hospedeiro compatível. A partir do produto gênico bacteriano identificado, um método de controle do cancro cítrico pode vir a ser desenvolvido.