Resumo

Pesquisas envolvendo biotecnologia, por meio da utilização de micro-organismos são uma alternativa para diminuir um problema global que é o déficit nutricional. Spirulina é uma cianobactéria cujo cultivo em escala comercial é de interesse, pois sua biomassa pode ser empregada para obtenção de biocompostos, como suplemento alimentar humano e animal, fonte de proteínas, pigmentos naturais, vitaminas, dentre outros. A aceitabilidade de uma microalga produzida, em especial para uso na alimentação humana, depende de seu valor nutricional e segurança microbiológica. Spirulina possui certificado GRAS (Generally Recognized as Safe) pela Food and Drug Administration o que garante seu uso como alimento sem risco à saúde, entretanto, pode haver possíveis contaminações durante o cultivo, processamento e armazenamento, inviabilizando a utilização da biomassa. Apesar da RDC nº 12 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária não estabalecer padrões microbiológicos para biomassa microalgal é conveniente analisá-la para verificar se a mesma não oferece riscos à saúde. Neste contexto, o objetivo desse trabalho foi avaliar microbiologicamente e nutricionalmente a biomassa microalgal produzida no sul do Rio Grande do Sul. Utilizou-se a cepa Spirulina sp. LEB-18, cultivada em tanques de 12.000 L com adição de 20 % de meio Zarrouk, na Planta Piloto de Santa Vitória do Palmar entre dezembro de 2011 e março de 2012. A biomassa obtida foi seca a 50 °C, triturada, peneirada e homogeneizada, desta retiraram-se alíquotas para as análises e todas foram realizadas em triplicata. Foram realizadas análises de Salmonella sp., Mesófilos, Coliformes totais e termotolerantes segundo protocolo da American Public Health Association (2001). Foram realizadas análises de proteínas totais conforme Association of Official Analytical Chemists (2000), lipídios de acordo com Folch; Lees e Stanley (1957) e carboidratos pelo método de DNS (MILLER, 1959). Como resultado a biomassa apresentou ausência de Salmonella sp. em 25 g, coliformes totais e termotolerantes <3,0 NMP/g, e contagem de aeróbios mesófilos igual a 2,7x104 UFC/g. Quanto aos valores de proteínas, lipídios e carboidratos a biomassa apresentou 59,41±1,04 %, 13,51±0,34 %, e 15,24±0,27 %, respectivamente. Sendo assim, a biomassa mostrou-se com percentuais elevados de nutrientes. Pode-se dizer que a mesma foi produzida dentro de padrões adequados de higiene, podendo ser utilizada como suplemento alimentar ou adicionada a alimentos.