27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:2238-1


Poster (Painel)
2238-1Mutações em genes de resistência a Ciprofloxacino em isolados clínicos de Mycobacterium abscessus e Mycobacterium fortuitum
Autores:Luciana de Souza Nunes (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do SulHCPA - Hospital de Clínicas de Porto AlegreIPB-LACEN/RS - Laboratório Central do Estado) ; Ribeiro, M.O. (IPB-LACEN/RS - Laboratório Central do Estado) ; De David, S.M. (IPB-LACEN/RS - Laboratório Central do Estado) ; Barth, A.L. (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do SulHCPA - Hospital de Clínicas de Porto Alegre)

Resumo

Fluoroquinolonas (FQ) têm sido cada vez mais utilizados para o tratamento eficaz de infecções provocadas por MCR, e a resistência a este fármaco tem sido predominantemente atribuída a mutações no gene gyrA e gyrB. O objetivo do presente estudo foi investigar mutações do gene gyrA em 70 isolados clínicos de M. abscessus subsp. abscessus e M. abscessus subsp. bolletii e M. fortuitum e sua susceptibilidade a ciprofloxacino em isolados do Rio Grande do Sul. Foram incluídos neste estudo um total de 70 isolados clínicos de MCR identificados no IPB-LACEN/RS, no período de 2007 a 2012, provindos de biópsia, secreção de ferida operatória, granuloma, lavado bronco alveolar e escarro. A identificação das espécies foi baseada no sequenciamento parcial do gene rpoB. Todos os isolados foram avaliados quanto à sua susceptibilidade à ciprofloxacina. Os valores de concentração inibitória mínima (CIM) foram determinados pelo método de microdiluição em caldo e interpretados de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Clinical Laboratory Standards Institutes (CLSI, 2011). Foi realizado o PCR do gene gyrA gerando um fragmento de 216 pb e foi sequenciado utilizando o equipamento ABI 3500 Genetic Analyzer. As sequências foram alinhadas com o software (DNASTAR, versão 7.0.0) usando M. tuberculosis H37Rv como sequência de referência. Dos 70 isolados analisados, 40 foram identificados como M. abscessus subsp. boletti, 9 como M. abscessus subsp. abscessus e 21 isolados de M. fortuitum. Onde 46 (66%) isolados foram resistentes (40 M. abscessus subsp. boletti e 6 M. abscessus subsp. abscessus) à ciprofloxacino, 3 (4%) isolados com resistência intermediária (M. abscessus subsp. abscessus) e 21 (30%) isolados susceptíveis (M. fortuitum) a ciprofloxacino. As sequências peptídicas de GyrA foram idênticas para todos os isolados de M. abscessus subsp. abscessus e M. abscessus subsp. bolletii. Exceto a variação Ser-83→Ala-83, a sequência do peptídio GyrA foi idêntica para todas as cepas de MCR. Espécies que apresentaram Ala-83 foram M. abscessus subsp. abscessus e M. abscessus subsp. bolletii, e M. fortuitum apresentou Ser-83. A associação entre os resultados de CIM e aminoácido 83 em GyrA mostra que a presença de Ser-83 e Ala-83, correspondem respectivamente, ao perfil de suscetibilidade e resistência para a maioria das espécies. Em conclusão, nossos resultados mostraram que as mutações de GyrA no aminoácido 83 são frequentes e podem constituir um importante mecanismo de resistência a FQ em Mycobacterium abscessus subsp. abscessus, M. abscessus subsp. boletti.