27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:2230-2


Poster (Painel)
2230-2Avaliação da leptospirúria e identificação de portadores de leptospiras patogênicas em cães da região metropolitana de São Paulo
Autores:Miotto, B.A. (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária Universidade de São Paulo) ; Mitika, K.H. (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária Universidade de São Paulo)

Resumo

Introdução O cão é hospedeiro acidental de sorovares patogênicos de leptospiras, e é considerado o hospedeiro de manutenção do sorovar Canicola. Uma vez infectados, os cães podem eliminar leptospiras na urina por um período variável de tempo, contribuindo para a contaminação do meio ambiente e constituindo-se em potencial fonte de infecção. O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de leptospirúria em cães para a identificação de possíveis portadores de leptospiras patogênicas. Materiais e métodos Foram coletadas amostras de urina e o soro sanguíneo de sete cães sadios, de vida livre, capturados no Campus da USP, São Paulo, para a avaliação de leptospirúria e a presença anticorpos anti-leptospiras. Tentativas de isolamento de leptospiras foram realizadas somente nas amostras de urina que apresentaram amplificação de material genético de leptospiras. A extração de DNA da urina foi realizada através do kit Illustra Blood GenomicPrep Mini Spin Kit (GE Healthcare), e para a amplificação do material genético foi utilizada a técnica de PCR através do kit GoTaq Green Master Mix (Promega Corporation), de acordo com a técnica descrita por Mérien et al. (1992). Os fragmentos do DNA obtidos foram purificados e o sequenciamento dos produtos amplificados foi realizado em um sequenciador automático, utilizando o kit BigDye Terminator v3.1 Cycle Sequencing (Applied Biosystems). Para a pesquisa de anticorpos anti-leptospiras, foi utilizada a reação de soroaglutinação microscópica utilizando-se uma bateria de antígenos representativos de 19 sorogrupos de leptospiras patogênicas. Resultados e discussão Seis dos sete cães forneceram resultados positivos na reação de SAM para os sorovares Grippotyphosa (4/7), Pomona (2/7), Butembo (3/7), Castellonis (1/7), Copenhageni (2/7) Icterohaemorrhagiae (2/7) Hardjo (1/7) e Wolffi (1/7), em títulos < 400. Os cães haviam sido imunizados com vacinas contendo antígenos dos sorovares Icterohaemorrhagiae e Canicola, seis meses antes, com exceção de apenas um cão (cão B). Em dois cães (A e B) houve amplificação de uma banda de 331pb, indicando assim a presença de material genético de Leptospira sp. No cão A, a amplificação de material genético foi confirmada em mais três ocasiões, no período de três meses. Após a instituição do tratamento antimicrobiano, a PCR tornou-se negativa. As tentativas de isolamento de leptospiras foram infrutíferas. O seqüenciamento do material amplificado revelou homologia do material com as sequências de leptospiras do sorogrupo Icterohaemorrhagiae depositadas no GeneBank. Conclusão A reação de SAM em cães vacinados não permite a identificação de possíveis portadores, ao passo que a amplificação de material genético na urina de cães por PCR pode se constituir na ferramenta para a identificação de portadores de leptospiras patogênicas. Os resultados demonstram a circulação de leptospiras patogênicas dentro da área estudada.