Resumo

Ciliados são os microorganismos pertencentes ao filo Ciliophora, o grupo mais bem conhecido dentro do reino Protozoa. Este táxon possui uma grande diversidade de formas, tamanhos e podem ser encontrados em diversos habitats, demonstrando diferentes estilos de vida (comensais, mutualistas, epbiontes e parasitos) e desempenhando importante papel ecológico no controle e dinâmica das populações microbianas. Os ciliados do gênero Euplotes (Ehrenberg, 1830) compõem o grupo mais diversificado de Ciliophora, mostrando grande diversidade. Devido à facilidade de cultivo in vitro, têm sido usados como modelos experimentais em um grande número de estudos (biorremediação, monitoramento ambiental, genética, relação hospedeiro-simbionte e produção de substâncias bioativas). No presente trabalho, uma espécie do gênero Euplotes foi isolada de sedimento do Manguezal de Coroa Grande, Baía de Sepetiba, litoral do Rio de Janeiro. Um cultivo monoclonal da espécie foi estabelecido e uma caracterização morfológica usando as técnicas de impregnação pela prata (“dry” silver nitrate) e posterior morfometria, observações in vivo em microscópio óptico (DIC), microscopia eletrônica de varredura e marcação do macronúcleo e micronúcleo por DAPI foi realizada. Para a caracterização molecular, 20 indivíduos ativos do cultivo monoclonal foram triados para extração de DNA total. Em seguida, foi escolhido o gene 18S rRNA como marcador molecular para as inferências filogenéticas pelos métodos de Neighbor joining (NJ), Bayesiana (BI) e Máxima Verossimilhança (ML). A análise de dados morfológicos não permitiu a identificação destes ciliados como nenhuma das espécies descritas no mais recente guia de identificação de espécies do gênero Euplotes (Curds, 1975). Além disso, as inferências filogenéticas indicam ser Euplotes sp do Manguezal de Coroa Grande mais filogeneticamente relacionado com E. crassus e E. vannus com robustos valores estatísticos pelos três métodos (NJ, BI e ML). Os resultados obtidos no presente trabalho indicam que o Euplotes sp isolado do Manguezal do Rio de Janeiro pode se tratar de um novo táxon. Contudo, muitas publicações de novas espécies foram descritas para o gênero após Curds (1975) e dentre as quais algumas não possuem o devido sequenciamento do gene 18S rRNA. Assim, um levantamento bibliográfico maior deve ser realizado para a comparação morfológica com as espécies novas aceitas após a publicação da última revisão para o gênero.