Resumo

A captação e manejo da água da chuva em cisternas é uma alternativa utilizada principalmente em comunidades rurais do semiárido brasileiro, sendo uma forma de minimizar os efeitos das estiagens prolongadas que acomete essa região. No entanto, para que esteja própria para o consumo, a água da cisterna deve atender aos padrões estabelecidos pela Portaria nº 2.914/11. A água destinada ao consumo humano não pode conter microrganismos patogênicos e deve estar livre de bactérias do grupo coliformes, que são indicadores de contaminação fecal recente. Este estudo teve como objetivo avaliar as características microbiológicas da água da chuva armazenada em cisternas caseiras de localidades da zona rural do município de Filadélfia-BA. Dez amostras de água foram coletadas em maio de 2013, em frascos estéreis e acondicionados em caixas de isopor com gelos recicláveis, poucos dias após as chuvas que interromperam a última grande seca que afetou a região. As amostras foram analisadas pela técnica do número mais provável (NMP), utilizando-se, no teste presuntivo, 3 séries de 5 tubos de caldo Lauril sulfato triptose (LST). A presença de coliformes totais foi determinada em caldo Verde brilhante bile 2% (VB), incubados a 35°C e o NMP de coliformes termotolerantes foi determinado em caldo E coli (EC), a 44,5 (±0,2)ºC. O número de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas foi determinado pelo método do plaqueamento em profundidade em Ágar padrão para contagem (PCA). Nove amostras apresentaram coliformes totais variando de 2 x 10¹ a 1,7 x 10³ NMP/100 mL e sete estavam contaminadas por coliformes termotolerantes, variando de 1,8 x 10¹ a 7,9 x 10² NMP/100 mL. Quatro amostras apresentaram acima de 500 UFC/100 mL, variando de 6,4 x 10² a 8 x 10³ UFC/ mL. A alta taxa de contaminação da água por coliformes termotolerantes indica a necessidade de se adotar medidas continuas para tratar a água da chuva armazenada em cisternas, uma vez que a população geralmente consome essa água diretamente, sem qualquer tipo de tratamento.