Resumo

Muitos estudos estão sendo realizados para viabilizar o etanol de segunda geração, que visa o aproveitamento da biomassa celulolítica como substrato para a fermentação alcoólica. Contudo, durante a hidrólise da celulose, muitos compostos tóxicos à levedura são formados como o furfural, hidroximetilfurfural, ácido acético, e compostos fenólicos. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo buscar linhagens mais tolerantes a estes inibidores, principalmente o ácido acético e o furfural. Para tal, linhagens industriais de Saccharomyces cerevisiae conhecidas pela tolerância aos estresses industrial na produção de etanol (CAT-1, PE-2 e SA-1), foram plaqueadas sendo que 15 colônias isoladas de cada linhagem foram submetidas à cariotipagem eletroforética. De cada linhagem isolou-se 3 colônias com o mesmo perfil eletroforético (perfil dominante) e 1 colônia com perfil diferente (sub-dominante). Tais colônias, assim como uma mistura das 15 colônias cariotipadas da mesma linhagem, foram submetidas, isoladamente, a uma evolução adaptativa em meio constituído de melaço de cana suplementado com inibidores presentes no hidrolisado lignocelulósico de bagaço. Tal evolução foi conduzida no transcorrer de 62 gerações, estimadas pela biomassa formada (D.O. a 600nm) durante 9 transferências dos cultivos das colônias empregando-se meios com teores crescentes de ART (6 a 24% m/v), de ácido acético (600 a 2.400 mg/L) e de furfural (800 a 4.000mg/L), sendo que todos os meios continham um teor inicial de 5%(v/v) e etanol. As propagações foram conduzidas a 30°C, sendo que o tempo de incubação foi estabelecido como sendo o suficiente para o consumo total dos açúcares (ausência de produção de dióxido de carbono). Após a evolução cada uma das amostras foram novamente plaqueadas, sendo que 15 colônias isoladas ao acaso de cada amostra, foram comparadas quanto ao crescimento e velocidade específica máxima de crescimento (μmáx) em microplacas de 96 poços, empregando-se o mesmo meio com 12% de ART, 5% de etanol, ácido acético (1200 mg/L) e furfural (2.000 mg/L) a 30oC por 24 horas. Os resultados obtidos mostram o surgimento de variantes com maior capacidade de crescimento e de suposta tolerância, oriundos das colônias originais, sugerindo que mediante tal procedimento seja possível a obtenção de fenótipos com características tecnológicas importantes para uma linhagem a ser empregada na produção do etanol de segunda geração.