Resumo

A tuberculose (TB) é um grave e crescente problema de saúde pública. Além do aumento da incidência da doença, desde 1988 tem ocorrido aumento no número de casos de resistência bacteriana às drogas antituberculose, inclusive nos países desenvolvidos, com alta prevalência entre os pacientes com vírus da imunodeficiência humana (HIV) positivo. O crescente número de linhagens resistentes tem causado enorme preocupação, pois contribui para aumentar a proporção de mortes por tuberculose, dificultando o tratamento e a prevenção da doença. A detecção precoce de resistência às drogas antituberculose permite a utilização de regimes de tratamento adequados para o paciente, o que tem um impacto importante para melhor controle da doença. No ano de 2011, a estimativa de casos resistentes de TB ao redor do mundo era de 310 mil, dentre os pacientes diagnosticados com a forma pulmonar da doença. Em 2012, o percentual de casos novos de TB multirresistente no Brasil foi de 0-2,9%. O objetivo deste trabalho foi determinar o perfil de resistência do Mycobacterium tuberculosis frente aos antibióticos usados no tratamento da TB, em três municípios do Rio Grande do Sul (Pelotas, Rio Grande e Canoas) no período entre 2011 e 2013. Dentre 321 amostras positivas, foram realizados 181 testes de sensibilidade através do método Resazurin Microtiter Assay (REMA) utilizando meio 7H9, suplementado com 10% de Middlebrook OADC (Oleic Albumin Dextrose Catalase), em placas de 96 poços. As concentrações iniciais dos antibióticos utilizados foram: 2 &mug/ml rifampicina (RMP), 1 &mug/ml isoniazida (INH), 32 &mug/ml etambutol (EMB) e 8 &mug/ml estreptomicina (SMR). Como resultado obtivemos 86,2% (156) de cepas sensíveis a todos os antibióticos, 7,7% (14) resistentes à INH, 0,6% (1) resistente à RMP, 2,2% (4) resistentes à SMR, 1,1% (2) resistentes à INH e RMP, 0,6% (1) resistente à INH e SMR e 1,1% (2) resistentes à INH e EMB. Os resultados foram obtidos em 9 dias. De acordo com os resultados, podemos concluir que os índices de resistência estão aumentando e tornando-se preocupantes, principalmente por estarem apresentando resistência até mesmo a antibióticos introduzidos no esquema há pouco tempo, como o EMB. Faz-se necessário o monitoramento desses níveis, assim como o controle adequado dos casos, com a ampliação dos testes de sensibilidade para o diagnóstico precoce da resistência e seu correto manejo.