Resumo

A sepse pode ser caracterizada como um caso de bacteremia grave, em que as bactérias, além de conseguirem entrar na corrente sanguínea, sobrevivem no sangue e podem infectar outros órgãos, ou tecidos. Escherichia coli é o principal agente isolado de casos de sepse, e no Brasil, dados da Organização Mundial de Saúde, mostram que cerca de 60% desses casos evoluem ao óbito. Apesar de sua importância, ainda existem poucos estudos sobre os fatores de virulência de E. coli associada à sepse humana (SEPEC). Recentemente, nosso grupo observou que o sobrenadante da cultura de SEPEC apresenta atividade citotóxica em células endoteliais de veia umbilical humana (HUVEC) causando alterações morfológicas como alongamento, perda de junção inter-celular e descolamento da monocamada celular. Portanto, o objetivo deste trabalho foi estudar a atividade citotóxica do sobrenadante de cultura de SEPEC em cultura de células de veia umbilical humana (HUVEC). No presente estudo, utilizou-se uma amostra SEPEC (Sorogrupo O153) isolado por hemocultura pelo Laboratório de Patologia Clínica (Sessão de Microbiologia Clínica) do Hospital de Clínicas da Unicamp. A produção da atividade citotóxica foi realizada em diferentes meios de cultura: Tryptic Soy Broth (TSB), Luria Broth (LB) e Brain Heart Infusion (BHI) e com diferentes tempos de cultivo (3, 5, 10, 15, 24 e 48 horas). A viabilidade celular foi avaliada pelo ensaio de redução de sal de tetrazólio (MTT) à formazana. Foi observado que o sobrenadante dos cultivos em meio TSB pelos tempos de cinco e seis horas de incubação foram melhores para a produção desta atividade citotóxica, apresentando efeito nas maiores titulações e induzindo acentuada mortalidade celular. A citotoxicidade em célula HUVEC não foi alterada pelo aquecimento do sobrenadante da cultura a 60ºC e a 100⁰C por 15 minutos, o que mostra que a atividade citotóxica produzida por SEPEC é termo-estável. Atualmente estamos em processo de purificação desta atividade citotóxica para caracterizá-la e verificar se ela está envolvida com o mecanismo de virulência da SEPEC.