Resumo

O uso de produtos químicos na agricultura tem contribuído para a resistência de fungos fitopatógenos e paralelamente, a aplicação excessiva de agrotóxicos aumenta os riscos de desenvolvimento de doenças, quando inalados ou através da ingestão de alimentos com resíduos de pesticidas. No cenário agrícola, esses fungos são importantes agentes na deterioração de vegetais, frutas, legumes e grãos em geral, com perdas e diminuição significativas na produção. A utilização de substâncias naturais ascende como uma alternativa aos pesticidas químicos utilizados nas lavouras, por serem biodegradáveis e de baixa toxicidade ambiental. Entre os compostos naturais destacam-se os óleos essenciais, ricos em terpenos, terpenóides, constituintes alifáticos e aromáticos, que apresentam atividade biológica como ação antibacteriana e antifúngica. Diante do exposto, o presente trabalho avaliou o efeito de substâncias naturais provenientes de vegetais, extratos brutos e óleos essenciais, nas concentrações de 25, 50 e 100%, frente ao crescimento micelial dos fungos fitopatógenos isolados de plantações: Aspergillus flavus (URM 4365), Rhizoctonia solani (URM 4014) e Fusarium moniliforme (URM 5094) e de espécies isoladas do ambiente: Aspergillus niger, Aureobasidium pullulans e Fusarium oxysporum. O teste de inibição do crescimento micelial consistiu na transferência de um disco de micélio fúngico para placa de Petri contendo ágar batata dextrose (BDA) que teve sua superfície impregnada com a substância teste. A avaliação do crescimento fúngico foi realizada através de medições diametralmente opostas das colônias, considerando o controle de crescimento (micélio fúngico + BDA). Os resultados obtidos foram avaliados pela análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Posteriormente, foram calculadas as porcentagens de inibição do crescimento micelial. Dentre as substâncias testadas, a amostra de óleo essencial extraída da Myracrodruon urundeuva (80% do monoterpeno α-pineno), mostrou-se promissora, pois ocorreu atividade inibitória em todas as concentrações dos fungos, A. niger, A. pullulans e F. oxysporum. Considerando outros relatos, o mecanismo de ação mais provável seria a interferência química do óleo na formação da parede celular dos fungos avaliados. Contudo, os resultados motivam a complementação dos estudos em busca de agentes bioativos atóxicos como alternativa na substituição de produtos químicos.