Resumo

Corynebacterium diphtheriae é o principal agente etiológico da difteria, doença toxiinfecciosa de evolução aguda e imunoprevenível que acomete o homem e apresenta importância médica mundial. Apesar da intensificação das ações de imunização, a enfermidade permanece ocorrendo de forma endêmica e epidêmica em diversas regiões do mundo, incluindo no Brasil. Dada sua importância, fazem-se necessários estudos acerca da biologia do micro-organismo para o melhor entendimento de suas bases moleculares, principalmente aquelas vinculadas ao desenvolvimento da doença no hospedeiro. Diante disto, o presente estudo visa elucidar alguns fatores de virulência de cepas toxigênicas e atoxigênicas de C. diphtheriae, responsáveis pela infecção e colonização no modelo in vivo com o nematódeo Caenorhabditis elegans. O perfil de sobrevivência dos nematódeos foi obtido através do ensaio “slow killing”, no qual cepas de C. diphtheriae foram individualmente cultivadas em placas de NGM para interação com os vermes durante 10 dias com trocas diárias consecutivas. Inicialmente testamos as seguintes amostras-padrão: ATCC 27010 (tox -), ATCC 27012 (tox +), CDC-E8392 (tox +) e, como controle do ensaio de sobrevivência, a cepa Escherichia coli OP50. Para o ensaio de colonização as cepas foram eletro-transformadas com o plasmídeo pSM20 (expressão da proteína GFP). A capacidade de produção de toxina diftérica mostrou-se um importante fator que compromete a sobrevivência, uma vez que as cepas ATCC 27012 e CDC-E8392 propiciaram uma redução significativa na sobrevivência dos nematódeos já a partir do terceiro dia, o que não ocorreu com a cepa ATCC 27010, que manteve um perfil de infecção sem diferença significativa em relação à cepa controle. Ensaios de infecção e colonização de outras cepas invasoras atoxigênicas estão sendo realizados para que possamos investigar a interação de outros fatores de virulência em C. elegans.