Resumo

As espécies de Staphylococcus considerados não patogênicos têm se destacado devido à ascendente resistência a antibióticos e sua implicação em infecções nosocomiais, incluindo os provenientes da comunidade. Infecções podem surgir a partir de indivíduos sadios colonizados por cepas em situações de imunidade comprometida. As condições sanitárias e socioeconômicas em assentamentos rurais por muitas vezes são precárias, onde, analfabetismo, falta de água encanada, ausência da coleta de lixo e uso de fossa rudimentar são situações que juntamente com a dificuldade de acesso a serviços de saúde as tornam vulneráveis aos patógenos. Outras questões relacionadas, juntamente com um questionário socioeconômico abordaram acesso ao sistema público de saúde, condições sanitárias, qualidade e tratamento da água e destino dado ao lixo. Foram coletadas amostras nasais com suabes em meio Stuart e encaminhadas para análise microbiológica e perfil de resistência de bactérias frente a 12 antibióticos. Amostras multirresistentes a fármacos, entre eles a Oxacilina(OXA) e a Cefoxitina(CFO), foram testadas para detecção da expressão do gene mecA, indicador de MRSA. O S. aureus foi isolado em 21,74%, Staphylococcus coagulase-negativos(SCN) corresponderam a 78,26%, com 22,22% de S. epidermidis, 16,66% de S. caseolyticus e S. xilosus, S. cohnii subsp. urealyticum, S. cohnii subsp. cohnii, S. sciuri e S. arlettae com 5,26% cada. A amoxicilina obteve 69,57% de resistência, seguido da penicilina com 60,87% e Ampicilina com 34,78%, a tetraciclina com 13.04%, a clindamicina 8,70% e a eritromicina com 8,70%, enquanto a Gentamicina, Vancomicina, CFO e Cotrimoxazol foram 100% efetivas frente às bactérias. Em 8,70% das amostras foi observado resistência a OXA que é um indicativo da expressão do gene mecA. Na avaliação genotípica por PCR, o gene mecA foi detectado em todas 5 amostras testadas, onde somente 2 cepas obtiveram resistência a OXA e 3 multirresistentes. O índice de escolaridade da população foi baixo, com 77,27% de ensino básico incompleto, 13,63% são analfabetos e 9,09% possuem ensino médio completo, nenhum dos entrevistados possuía nível superior. Todas as famílias utilizavam água de poço e o lixo orgânico era enterrado ou queimado, enquanto a maioria do lixo reciclável era enviado pelos próprios moradores à região urbana mais próxima. Em alguns lotes utilizavam-se caçambas que periodicamente eram recolhidas pela prefeitura. Poucos estudos relatam questões da saúde em Assentamentos Rurais e as pesquisas atuais focam o aspecto da cadeia produtiva, porém, as condições higiênico-sanitárias são pouco estudadas. Estudos com esta abordagem podem apontar vários pontos críticos e salientar a importância da sanidade pública para a crescente detecção de agentes que outrora albergavam a microbiota do homem, mas atualmente são agentes etiológicos com crescente resistência aos fármacos usuais da medicina humana e veterinária.