Resumo

Escherichia coli isoladas de lesões de celulite aviária produzem uma citotoxina denominada ECVF (Escherichia coli Vacuolating Factor). Estudos preliminares comprovaram que a ECVF induz, em frangos de corte, resposta inflamatória liberando as citocinas TNF-α e IL-10 de modo sistêmico, além do aumento da expressão de TNF-α local. Também foi verificado que a toxina purificada, quando inoculada subcutaneamente em frangos de corte, induz sinais de inflamação nos tecidos subcutâneo, adiposo e conjuntivo, incluindo infiltração de células do sistema imune, como linfócitos e heterófilos, hiperplasia da epiderme, hiperqueratinização, edema na derme com hipervascularização do tecido, multinucleação dos adipócitos, entres outras evidências. Essas observações indicam o papel relevante da ECVF no desenvolvimento da celulite aviária, embora seu mecanismo ainda não tenha sido elucidado. Com o objetivo de verificar as alterações provocadas pela toxina a nível celular, as quais levam ao desenvolvimento da lesão tecidual que culminará na celulite aviária, fibroblastos aviários (CEC-32) foram incubados com a ECVF purificada, por diferentes períodos de tempo, e analisados por microscopia eletrônica de transmissão. A toxina ECVF induziu alterações no núcleo e no citoplasma das células CEC-32, consistindo em condensação da cromatina nuclear, intensa vacuolização citoplasmática, e desorganização e comprometimento do citoesqueleto e das organelas citoplasmáticas. Essas alterações comprometem toda a estrutura e metabolismo celular, levando os fibroblastos à morte. Esses dados são condizentes com os resultados obtidos anteriormente por nosso grupo e permitem compreender o processo de atuação da ECVF em nível celular, que pode contribuir para elucidação do mecanismo de desenvolvimento do dano tecidual, característico da celulite aviária.