Resumo

O caranguejo-uçá (Ucides cordatus), é uma espécie endêmica de manguezais em todo o litoral brasileiro e representa grande valor comercial. A carne dessa espécie apresenta alto teor de proteínas, minerais e baixo teor calórico, caracterizando um alimento importante na nutrição da população consumidora. Tendo em vista, que a veiculação de patógenos por alimento é uma das principais vias de contaminação ao homem, e que as áreas de manguezais recebem despejos de efluentes domésticos propiciando a contaminação desta espécie por patógenos, o presente estudo buscou detectar a possível presença de estirpes dos gêneros Salmonella, Vibrio e da espécie Escherichia coli, nestes crustáceos. Carne e vísceras de noventa caranguejos coletados dos manguezais de Itaóca, Magé e Suruí, localizados na Baía de Guanabara, RJ; foram processadas em caldos de enriquecimento, a partir dos quais alíquotas foram retiradas para semeadura em meios seletivos específicos. Colônias com morfologia presuntiva para as espécies estudadas foram isoladas para identificação por caracterização bioquímica. Até o momento foram confirmadas sete cepas de Escherichia coli e setenta e cinco do gênero Vibrio. Não foi detectada a presença de Salmonella spp. em nenhuma amostra. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n°12, de 02 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, não estabelece um padrão específico para quantidade de cepas de Vibrio spp. e Escherichia coli para carne de crustáceos in natura, porém sabe-se a partir de estudos científicos que estes microrganismos são importantes causadores de gastrenterites em humanos. Tendo em vista os resultados obtidos conclui-se que o controle microbiológico dos caranguejos comercializados nestas regiões é de suma importância para que não ocorram infecções por estes microrganismos.