Resumo

A Proteômica é uma ferramenta de genômica funcional amplamente utilizada na caracterização de respostas celulares ou na adaptação de organismos a condições ambientais as quais induzam mudanças fisiológicas. Dentre os diversos microrganismos que vem sendo estudados por esta técnica, encontra-se a Chromobacterium violaceum, uma beta proteobactéria amplamente encontrada em regiões tropicais e subtropicais e que está associada com inúmeras propriedades biotecnológicas como produção de peptídeos antitumorais, polímeros biodegradáveis e biorremediação. Assim, cultivamos C. violaceum na presença e ausência de 9 mM de ferro, um metal que apesar de não danificar diretamente o DNA, é capaz, por meio da Reação de Fenton, de produzir espécies reativas de oxigênio que possuem ação danosa a biomoléculas. Após quatro horas de cultivo, as proteínas totais foram extraídas, quantificadas pelo método de Bradford e submetidas à SDS-PAGE. Agrupamentos de bandas foram excisados, digeridos com tripsina e as proteínas foram identificadas utilizando-se espectrometria de massas do tipo ESI-Q-TOF. Dentre os diversos peptídeos que tiveram a sua expressão aumentada ou que foram detectadas exclusivamente na condição experimental, encontram-se produtos protéicos com funções relacionadas à metabolismo energético, transporte, oxirredução e desconhecida. Nesta última classe, verificamos a expressão de uma proteína hipotética que ao ter sua sequência analisada pelo HHpred, uma ferramenta de predição de estrutura terciária, verificou-se que trata-se de uma provável superóxido dismutase (Sod) do tipo C. Ao analisarmos o contexto genômico deste gene, observamos a sua proximidade com uma Sod do tipo B e outra proteína hipotética. Assim inferimos que estes três genes estariam em operon, o que foi confirmado por meio de Reverse Transcriptase PCR (RT-PCR). Com esses dados, verificamos que o tratamento com ferro está induzindo um quadro de estresse oxidativo e que C. violaceum está mobilizando o seu perfil protéico para adaptar-se a esta condição. Além disso, a ORF hipotética representa uma possível Sod ainda não identifica nesta bactéria cuja caracterização funcional está sendo realizada pelo nosso grupo.