Resumo

Dentre os problemas causados pela seca, a fixação biológica de nitrogênio (FBN) é especialmente prejudicada. Entre as prováveis causas da redução da FBN em soja sob seca está a regulação pelo metabolismo do N, com acúmulo de compostos nitrogenados na planta que levam à inibição da nitrogenase. Foi avaliado o efeito da restrição hídrica em aspectos fisiológicos e no teor de N e ureídos em genótipos de soja que apresentam FBN com diferentes níveis de tolerância à seca. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso em arranjo fatorial 4 × 2, os genótipos de soja (R01-581F, R01-416F, CD 215 BRS 317) vs (70% da capacidade de campo - CC), e (30% CC), com quatro repetições. Não foi adicionada qualquer fonte de N mineral, o qual foi fornecido apenas via FBN, para isso, as sementes foram inoculadas com Bradyrhizobium japonicum (SEMIA 5079) e B. diazoefficiens (SEMIA 5080). Foram avaliados concentração intercelular de CO₂ (CI), taxa transpiratória (TT), teor de N nas folhas, e o teor de ureídos (TU) nas folhas e nos pecíolos. Os dados foram submetidos à análise de variância e teste de médias (Tukey). Apenas o genótipo R01-581F não teve redução na (CI) na condição de 30% CC; nessa mesma condição, os genótipos tolerantes R01-581F e R01-416F apresentaram os maiores valores em relação aos genótipos suscetíveis CD 215 e BRS 317 (p<0,01). Embora todos os genótipos tenham apresentado redução da TT sob restrição hídrica (p<0,01), essa foi menos intensa nos genótipos tolerantes à seca (-26%) em relação aos suscetíveis (-56%). Independente da condição hídrica, os genótipos tolerantes apresentaram maiores concentrações foliares de N (p<0,01). O genótipo R01-416F apresentou redução no teor de N nas folhas na condição de 30% CC. Nessa mesma condição, o TU nas folhas aumentou significativamente (p<0,01) nos genótipos R01-581F e CD 215. A restrição hídrica aumentou o TU nos pecíolos em todos os genótipos (p<0,01), porém mais expressivo nos genótipos suscetíveis (144%) comparado aos tolerantes (60%). A restrição hídrica influenciou o metabolismo do N em todos os genótipos; no entanto, os genótipos tolerantes demostraram melhor desempenho quanto às trocas gasosas, teor de N nas folhas e ureídos nos pecíolos, indicando maior capacidade de manter a FBN, dentro de certos limites, sob restrição hídrica.