Resumo

O bioetanol, derivado da bioconversão de matérias primas lignocelulósicas, continua a atrair interesse global como uma alternativa ambiental e potencialmente compatível com os meios de transporte atuais a base de petróleo. Os fungos filamentosos são um grupo de microrganismos de extrema importância dentro desse contexto, pois são produtores de enzimas com potencial na degradação de biomassa formada por índices elevados de celulose, de hemicelulose, de lignina e de proteínas. A termofilia em fungos apresenta grande valor experimental, suas enzimas extracelulares revelam temperaturas ótimas de atividade muito próximas à temperatura de crescimento do fungo e são de forma geral, mais estáveis termicamente do que enzimas produzidas por fungos mesofílicos. Para o presente trabalho foi obtido um total de 32 isolados, provenientes de coletas de amostras de solo, formigas, casca de árvores, bagaço de cana, fezes de animais, gordura animal, compostagem. As cepas foram obtidas retirando-se alíquotas desses materiais orgânicos presentes no ambiente, tendo sido então diretamente transferidos para frascos Erlenmeyer, devidamente vedados e contendo meio nutriente. Após seu crescimento nas temperaturas estabelecidas para esse fim (45 e 55°C), os fungos foram diferenciados e isolados. Posteriormente ao isolamento, foi realizado teste para averiguação de melhor temperatura de crescimento, sendo testadas as temperaturas de 37, 45, 55 e 60°C. A produção das enzimas foi realizada por meio de fermentação em estado sólido (FES). Os extratos enzimáticos obtidos foram submetidos a um screening de testes de produção enzimática, sendo elas: xilanase, endoglucanase, FPase, avicelase, beta glicosidase e beta xilosidase. Das 32 cepas, 15 foram isoladas a 45°C e as demais a 55°C. Dos isolados a 45°C, nenhum mostrou crescimento significativo a temperaturas maiores que 50°C, já nos fungos isolados a 55°C, as linhagens apresentaram crescimento variando entre razoável a bom, até a temperatura final de 60°C, confirmando assim nesse grupo a termofilia verdadeira. Em relação às atividades enzimáticas, a cepa S10 isolada a 55°C, apresentou uma produção de 3,71 e 6 un/mL de CMCase. Nas cepas S3, S1 e FZI, também isoladas a 55°C, observamos produções de xilanase acima de 18 un/mL. De acordo com os resultados obtidos, é possível a seleção das cepas com melhores perfis de produção enzimática e propor novos estudos, variando as condições em busca de otimizar essa produção.