Resumo

Um efluente altamente salino, conhecido como água de produção e que contém principalmente sulfetos, amônia e uma mistura complexa de hidrocarbonetos, é gerado durante a extração de petróleo. Essa água de produção chega aos terminais de petróleo e precisa ser devidamente tratada antes de seu descarte. Em alguns terminais, o tratamento baseia-se em processos biológicos não-convencionais, desenvolvidos especificamente para serem eficazes nas salinidades de 4% a 7% de NaCl. Contudo, em função do aumento da exploração de petróleo em reservas com águas de produção de maior salinidade, é relevante o desenvolvimento e adaptação de processos e metodologias que garantam o tratamento biológico da água de produção em condições hipersalinas. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo caracterizar a diversidade bacteriana recuperada das águas de produção de um terminal petrolífero, visando a avaliação subsequente do seu potencial para degradação de amônia e de hidrocarbonetos sob condições de hipersalinidade. Para o isolamento das bactérias, a água de produção foi submetida a uma diluição seriada (10-2 – 10-8), e posterior plaqueamento de 100 µL de cada diluição na superfície de diferentes meios de cultura (9% - 16% NaCl), seguido de incubação a 28° C por 14 dias. Com base na macromorfologia, 30 isolados foram selecionados para posterior identificação através do sequenciamento e análise filogenética do gene RNAr 16S. Estas bactérias distribuíram-se nos gêneros Idiomarina, Marinobacter, Modicisalibacter, Arhodomonas, Chromohalobacter, Martelella, Thioclava, Marispirillum e Staphylococcus. Estes resultados mostraram a presença das classes Gammaproteobacteria (80%), Alphaproteobacteria (17%) e Bacilli (3%), revelando a dominância massiva do filo Proteobacteria (97%) sobre o filo Firmicutes (3%) na amostra em estudo. Diversos estudos mostraram que as bactérias identificadas neste trabalho foram relacionadas a águas de produção de petróleo de distintos lugares do mundo, assim como a degradadores de hidrocarbonetos em ambientes salinos. Ensaios sobre a presença de genes catabólicos e capacidade de degradação de hidrocarbonetos aromáticos estão em andamento.