27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:2034-1


Poster (Painel)
2034-1O nitrato adicionado na água de injeção pode não inibir o crescimento de BRS em reservatórios maduros de petróleo: experimento com Desulfovibrio vulgaris .
Autores:Montes, D. C. (UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; Magalhães, R. S. (UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; Sampaio, I. (UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; Sousa, Y. S. C. (UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; DOMINGOS, J. S. S. (UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; ALMEIDA, P. F. (UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; Chinalia, F. A. (UFBA - Universidade Federal da Bahia)

Resumo

Na indústria petrolífera a acidificação biogênica ocorre devido à produção de sulfeto de hidrogênio (H2S) gerado pelas bactérias redutoras de sulfato (BRS). Esse problema é mais grave durante a recuperação secundária de petróleo. A água do mar é injetada no reservatório para recuperar a pressão e assim extrair o óleo remanescente. No entanto, as injeções de água com altas concentrações de sulfato (água do mar) e em condições de anoxia dos reservatórios favorecem a bioprodução de H2S pelas BRS. A adição de nitrato na água de injeção tem sido utilizada com substância inibidora da produção de H2S, pois se acredita que este favoreça o metabolismo de bactérias desnitrificantes (BDN). A hipótese é que, com o tempo, as BDNs recolonizariam os reservatórios e através de um processo de exclusão competitiva, estas viessem a controlar a produção de H2S. No entanto, algumas BRS podem utilizar o nitrato como aceptor de elétrons alternativo. Essa pesquisa, portanto, teve por objetivo testar e quantificar a utilização e o efeito da adição de nitrato em cultura de uma BRS, a Desulfovibrio vulgaris. Foram feitas curvas de crescimento com três situações distintas de aceptores de elétrons: T1) apenas SO4 ; T2) SO4 + NaNO3 e T3) SO4 + NaCl sendo o nitrato de sódio e o cloreto de sódio a 5mM. A técnica de Número Mais Provável (NMP) e de Densidade óptica (DO) foram realizadas para avaliar o crescimento de células, e as análises cromatográficas para avaliar o consumo e/ou produção dos aceptores de elétrons (DIONEX 3000). De acordo com os resultados de DO, o meio de cultura T2 apresentou um efeito negativo quando comparado com o controle T1. O crescimento específico de D. vulgaris em T3 foi de 0,29 h-1 com uma fase exponencial de 5-10h. O melhor crescimento (0,47 h-1) foi observado em T1 seguido de T2 que mostrou um valor intermediário de 0,36 h-1. As taxas de consumo de SO42- foram estatisticamente semelhantes para o tratamento T1 e T3 durante a fase exponencial (0,074 e 0,073 g l-1, respectivamente). Por outro lado, as taxas de consumo de sulfato e nitrato no T2 foram de 0,013 e 0,025 g l-1, sendo que a sequência de consumo de aceptores de elétrons foi primeiro o nitrato depois o sulfato. A partir dos dados obtidos foi possível não apenas quantificar a atividade de D. vulgaris na presença de sulfato e nitrato, mas também constatar que o efeito negativo do nitrato não esta relacionado com o choque osmótico, como é muitas vezes descrito em literatura. Portanto, o uso de nitrato para o controle de crescimento de D. vulgaris apresenta dois problemas fundamentais: i) inibe a produção de sulfeto por uma competição metabólica por aceptores de elétrons, mas não causa a exclusão competitiva de D. vulgaris, ii) Com isso, portanto, após o consumo de nitrato observa-se o aumento da população de BRS e consequentemente o potencial para aumentar também a produção de sulfeto no reservatório de petróleo.