Resumo

A sistemática bacteriana não possui consenso quanto ao conceito de espécie, o que tem gerado discussões sobre a taxonomia, como o grupo Bacillus cereus lato sensu, que inclui seis espécies entre elas B. cereus stricto sensu e Bacillus thuringiensis que compartilham um grande nível de similaridade cromossômica e são fenotipicamente idênticas. A diferenciação é realizada por um gene plasmidial, denominado cry, que codifica um cristal paraesporal conferindo a atividade entomopatogênica. Uma das formas de dispersão desses plasmídeos é pela conjugação. Essa troca de material genético entre as espécies bacterianas dificulta a classificação. Com o objetivo de avaliar a influência do plasmídeo pHT73 e do gene cry1Ac sobre o comportamento de linhagens de B. thuringiensis, larvas de 2º ínstar de Anticarsia gemmatalis, foram alimentadas com folhas contendo culturas esporuladas dessa espécie bacteriana. Cada larva foi avaliada quanto à germinação de esporos, multiplicação e sobrevivência das linhagens selvagens e exconjugantes de B. thuringiensis contendo um dos dois plasmídeos pHT73-Em^R ou pHT73Δcry1Ac Tet^R, sendo que cada experimento foi realizado com 10 repetições. Diversos tempos foram analisados, incluindo um tempo antes da morte, t0, t24 e t48 horas após a morte das larvas. Análises estatísticas evidenciaram que linhagens contendo o plasmídeo pHT73-Em^R se multiplicam em uma taxa maior que linhagens contendo o plasmídeo pHT73Δcry1Ac Tet^R, demonstrando que o gene cry confere uma vantagem nas linhagens que o abrigam. As linhagens que possuem o plasmídeo pHT73Δcry1Ac Tet^R se multiplicam a uma taxa maior que linhagens que não apresentam nenhum dos dois plasmídeos. Portanto, as linhagens que possuem o plasmídeo pHT73-Em^R são mais adaptadas ao ambiente larval quando comparadas às linhagens que carregam o plasmídeo pHT73Δcry1Ac Tet^R ou as que não possuem nenhum dos dois plasmídeos. As linhagens que possuem o plasmídeo pHT73Δcry1Ac Tet^R possuem uma vantagem em relação as linhagens que não possuem nenhum dos dois plasmídeos, com isso pode-se inferir que existem outros genes plasmidiais que influenciam no comportamento de linhagens desse grupo bacteriano. Estudos posteriores poderão evidenciar se essa influência do plasmídeo pHT73 e do gene cry1Ac sobre o comportamento de linhagens de B. thuringiensis é espécie específico ou se essa influência ocorre também em linhagens de B. cereus, além de apontar o papel desses genes e sua importância no comportamento bacteriano.