27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:2015-1


Prêmio
2015-1Caracterização microbiológica e propriedades adesivas de amostras de Corynebacterium ulcerans isoladas de humanos e animais de estimação na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Autores:Ramos, J.N. (INCQS/FIOCRUZ - Fundação Oswaldo CruzUERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Simpson-Louredo, L. (INCQS/FIOCRUZ - Fundação Oswaldo CruzUERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Peixoto (UERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroIMPPG/UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Santos, L.S. (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Antunes, C.A. (UERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroUFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Ladeira, E.M. (INCQS/FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz) ; Souza, M.C. (INCQS/FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz) ; Santos, C.S. (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Vieira, V.V. (INCQS/FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz) ; Villas-Bôas, M.H.S. (INCQS/FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz) ; Hirata-Júnior, R. (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Mattos-Guaraldi, A.L. (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Resumo

Infecções por Corynebacterium ulcerans são zoonoses emergentes que vem crescendo em número e gravidade. A difteria por C. ulcerans pode ser fatal e acomete especialmente adultos com imunização completa ou parcial contra difteria, que relatam contato estreito apenas com animais de estimação (cães e gatos). Esse agente tem sido mais isolado de difteria na Europa do que C. diphtheriae. Estudos de fatores de virulência, que não a toxina diftérica, de C. ulcerans são foco de interesse crescente pois os mecanismos envolvidos nessas infecções ainda não estão esclarecidos. Investigamos propriedades adesivas deste patógeno, analisando a capacidade de ligação a proteínas encontradas na forma solúvel e insolúvel em vários tecidos humanos (fibrinogênio – Fbn, fibronectina – Fn e colágeno tipo I – Col I). Três amostras C. ulcerans isoladas de cães assintomáticos (BR-AD22/narina, BR-AD41/pele e BR-AD61/pele) e uma clínica humana (BR-809/úlcera de pele), da região metropolitana do Rio de Janeiro e uma amostra padrão (CDC KC-279/infeção pulmonar humana) foram avaliadas. As amostras foram identificadas atráves de ensaios bioquímicos convencionais e semi-automatizados e ensaios de PCR multiplex (mPCR) confirmaram sua identificação e toxigenicidade. Microplacas foram tratadas com concentrações diversas de Fbg, Fn e Col I e inoculadas com as amostras bacterianas, a ligação ao substrato foi revelada com extravidina-peroxidase e tetrametilbenzidina e quantificada em leitor de ELISA (490nm). Os ensaios foram realizados em triplicata e as médias comparadas pelo teste de Tukey (GraphPad Prism 6.0). Todas as amostras C. ulcerans se mostraram como não produtoras de toxina diftérica. A ligação de C. ulcerans a Fbg, Fn e Col I foi observada em níveis variados. As amostras caninas ligaram mais de 10% das proteínas e mostraram maior afinidade ao Fbg. BR-AD22 revelou maior afinidade para todas as proteínas testadas, seguida da BR-AD61 em relação à Fn. BR-AD41 e BR-AD61 mostraram aderência semelhante a Fbg. A amostra clínica humana 809 foi a que aderiu mais fracamente. A ligação à proteínas séricas pode representar um eficiente mecanismo para evitar a fagocitose, enquanto que a ligação a proteínas de matriz celular pode favorecer a permanência e a invasão de tecidos adjacentes ao foco inicial da infecção. Semelhante ao demonstrado para C. diphtheriae, diferenças na expressão de ligantes de proteínas séricas e de matriz podem modular a expressão do potencial de virulência de C. ulcerans.