Resumo

Durante as duas últimas décadas, a incidência de infecções fúngicas invasivas (IFI) aumentou drasticamente em todo o mundo. As IFIs são caracterizadas por alta morbidade e mortalidade e são difíceis de diagnosticar, prevenir e tratar. As infecções causadas por Candida spp. resultam do aumento do tempo de internação e juntamente com as despesas médicas constituem um importante problema de saúde pública, fazendo-se necessário a busca por novas estratégias terapêuticas. Os flavonoides são um grupo de substâncias naturais com estrutura fenólica variável apresentando considerável interesse científico e terapêutico, merecendo destaque a quercetina. O presente estudo se propôs a avaliar a ação antifúngica in vitro da quercetina contra cepas de Candida tropicalis resistentes ao fluconazol (FLC) e investigação do possível mecanismo de ação. O estudo incluiu seis cepas de C. tropicalis isoladas de amostras biológicas humanas, pertencentes à coleção de leveduras do LABEL/FF/UFC. As cepas foram semeadas em ágar Sabouraud dextrose e em meio Chromagar. A identificação das cepas foi realizada por técnicas de biologia molecular. A avaliação do efeito antifúngico foi determinada por meio de técnicas de microdiluição em caldo, citometria de fluxo e teste do cometa versão alcalina. Primeiramente, quercetina e o fluconazol (FLC) foram testados isoladamente para determinar a concentração inibitória mínima (CIM). Em seguida as cepas foram expostas a concentrações variadas de quercetina (64-0.125 μg/mL) combinadas com FLC (64-0.125 μg/mL). Em ambos os testes as placas foram incubadas a 35° C por 24 h e a leitura realizada visualmente. A CIM foi definida como a menor concentração de droga capaz de inibir 50% do crescimento fúngico. A avaliação da interação entre os antifúngicos foi determinada através do cálculo Índice da Concentração Inibitória Fracionária (FICI). A morte celular induzida pelo flavonoide foi caracterizada pela presença de fosfatidilserina na membrana plasmática, mudanças no tamanho/granulosidade, despolarização da membrana mitocondrial e dano no DNA.