Resumo

A exploração dos bubalinos para a produção de leite e elaboração de seus derivados é uma atividade que tem crescido nos últimos anos no Brasil. Objetivou-se com esse estudo verificar mastite subclínica em búfalas de propriedade de exploração leiteira, localizada no município de Dourado, região central do estado de São Paulo, através dos testes de contagem de células somáticas (CCS) e contagem padrão em placas (CPP). Foram analisadas 1.728 amostras de leite de 315 búfalas em lactação no ano de 2012. O manejo de ordenha consistia em duas ordenhas diárias, nas quais era realizada a lavagem de todo o animal, seguida da antissepsia dos tetos com solução de iodo e secagem individual dos mesmos com papel toalha, sendo o sistema de ordenha mecânico. O procedimento de pós-dipping não era realizado e as fezes eram retiradas através de jato d’água durante a ordenha, sendo que os operadores não utilizavam luvas nos procedimentos. A secreção láctea de cada animal foi enviada ao Laboratório da Clínica do Leite (ESALQ-USP) para realização da CCS em aparelho eletrônico Somacount 300®. Para o CPP, foram colhidos 40 mL de leite de cinco animais positivos em tubos estéreis, e transportados para o Laboratório de Higiene Zootécnica da Universidade de São Paulo (FZEA-USP). O leite foi serialmente diluído em tubos de ensaio com água peptonada e, após homogeneização, alíquotas de 1,0 ml de cada diluição (10-1, 10-2, 10-3, 10-4e 10-5) foram semeadas em ágar Brain Heart Infusion. Os resultados foram comparados com os valores descritos na literatura para a determinação dos casos de mastite em búfalos. Observou-se que 90,8% das amostras apresentaram CCS menor que 171.000 cel/mL, indicando ausência de mastite. Mastite subclínica foi detectada em 7,7% dos búfalos amostrados, que apresentaram intervalo de CCS entre 205.000 e 445.000 cel/mL. O percentual de mastite clínica em relação ao total das amostras analisadas foi de 1,5%, com um intervalo de CCS entre 800.00 e 6698.000 cel/mL. A CPP apresentou mediana de 5,3 x 104 UFC/mL (valor mínimo de zero e valor máximo de 9,8 x 104 UFC/mL), dentro dos limites estabelecidos na Normativa 51 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os dados obtidos indicam ocorrência de mastite subclínica em nível comparativamente menor do que valores encontrados na literatura para rebanhos bovinos no estado de São Paulo. No entanto, a implementação de melhorias nas condições higiênico-sanitárias encontradas podem ser importantes para a redução dos casos de mastite clínica e subclínica encontrados. Adicionalmente, a identificação dos microrganismos causadores da mastite subclínica no rebanho estudado poderá subsidiar medidas eficazes de controle dessa enfermidade.