Resumo

Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é considerada a primeira causa de infecção adquirida em UTIs. Como terceiro agente etiológico mais isolado em PAV, Staphylococcus aureus apresenta fatores de virulência e de resistência antimicrobiana que podem agravar a infecção desses pacientes atrasando o tratamento e piorando o prognóstico. No entanto, a pesquisa e o estudo epidemiológico do papel de fatores de virulência ainda não são foco de atenção quando se trata de PAV. A PVL (Leucocidina Panton-Valentine) está associada com alta taxa de mortalidade por pneumonia necrotizante causada por cepas de origem comunitária (CA-MRSA, S. aureus resistente a meticilina adquirido na comunidade), porém, em cepas de origem hospitalar a pesquisa desse gene é pouco explorada. Outros fatores como as esfoliatinas (eta, etb e etc) apresentam um papel fundamental na invasão tecidual e no sucesso da instalação da infecção ainda não determinado em casos de infecções pulmonares. Com essas considerações acima, o objetivo desse trabalho foi verificar os fatores de virulência em S. aureus isolados de aspirado traqueal (AT) de pacientes submetidos a ventilação mecânica em UTIs. Os pacientes foram incluídos no estudo em até 48 horas de intubação. As coletas de AT foram realizadas duas vezes por semana em dias equidistantes até o desfecho de interesse (PAV), óbito ou alta. As amostras de AT foram submetidas ao cultivo quantitativo em Agar Sangue, Agar Baird parker e Agar MacConckey. Foram incluídos no estudo 200 pacientes onde se isolou 36 (18%) amostras de S. aureus. Das 36 amostras analisadas, 2 (5%) foram positivas para o gene da PVL e nenhuma das amostras apresentou os genes das esfoliatinas pesquisadas. Ambos os pacientes apresentaram febre, e um paciente apresentou pneumonia comunitária (desenvolvimento dos sintomas nas primeiras 48 horas de admissão no serviço). A toxina PVL é um fator de virulência que confere uma característica invasiva à cepa que a carreia. O isolamento do gene dessa toxina em S. aureus isolados de pacientes em UTI pode ser um alerta, uma vez que a presença desse gene em amostras isoladas em ambientes nosocomiais pode acarretar sua disseminação entre isolados desse ambiente e contribuir para infecções com prognósticos ruins em pacientes graves.