27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1930-1


Poster (Painel)
1930-1Comparação da resistência aos antimicrobianos e virulência em amostras de Staphylococcus aureus isoladas de infecções humanas e mastite bovina.
Autores:Caetano, S.V.F. (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo) ; Lucas, I. A. (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo) ; Buss. C. A. (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo) ; Schuenck, R. P. (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo)

Resumo

Staphylococcus aureus é um dos patógenos mais isolados em infecções hospitalares no Brasil. Além de causar infecções em humanos, este microrganismo é um importante agente de infecções em animais, destacadamente a mastite bovina. Este trabalho tem como objetivo investigar a resistência e a presença de genes de virulência em amostras de S. aureus isoladas de hospitais da Grande Vitória e de mastite bovina em gados leiteiros de propriedades rurais do Estado do Espírito Santo. Neste estudo, foram analisadas 72 amostras, onde 27 foram isoladas de mastite bovina e 45 de infecções humanas, sendo os principais sítios: sangue (42,2%), ponta de cateter (22,2%) e secreção de ferida (13,3%). O perfil de susceptibilidade a 15 antimicrobianos foi realizado pelo teste de difusão a partir do disco (CLSI 2012). Os genes relacionados à virulência bacteriana: cna (que codifica a proteína ligadora de colágeno), bbp (proteína ligadora de sialoproteína óssea), ebpS (proteína ligadora de elastina), fnbB (proteína B ligadora de fibronectina) e o gene da PVL (leucocidina de Panton-Valentine) foram pesquisados através da técnica de PCR. As amostras de infecções humanas e de mastite bovina apresentaram os seguintes perfis de resistência, respectivamente: oxacilina 57,7% e 3,7%, penicilina 93,2% e 62,9%, eritromicina 64,4% e 11,1%, ciprofloxacina 62,2% e 22,2%, norfloxacina 62,2% e 14,8%, clindamicina 51,1% e 11,1%, cloranfenicol 13,3% e 3,7%, tetraciclina 8,9% e 11,1% e trimetoprim/sulfametoxazol 8,9% e 3,7%. Todas as amostras de mastite bovina foram sensíveis à rifampicina, gentamicina e mupirocina, enquanto as taxas em amostras isoladas de infecções humanas foram, respectivamente, 42,2%, 8,9% e 2,2%. Todas as 72 amostras foram sensíveis à vancomicina e linezolida. Nas amostras de origem animal, o gene ebpS foi encontrado em 11,1% e o fnbB em 3,7% das amostras. Nenhuma amostra apresentou os outros genes pesquisados. Nas amostras de origem humana, o gene ebpS foi encontrado em 64,4%, o cna em 24,4%, o gene da PVL em 22,2% e bbp e fnbB em 17,8% das amostras. Este estudo demonstrou uma maior presença dos genes de virulência em amostras de origem humana em relação às de animal, que pode ser decorrente da necessidade destes na adaptação e permanência no ambiente hospitalar. Nas amostras de origem animal, observamos uma taxa elevada de resistência a algumas drogas, como penicilina e ciprofloxacina. A ocorrência destas taxas pode ser proveniente do uso indevido de antimicrobianos na terapia intramamária ou sistêmica ou até mesmo no uso sem o respaldo de testes de susceptibilidade. A presença de uma amostra resistente à meticilina (MRSA) indica a possibilidade de transmissão e uma possível emergência entre o gado leiteiro. Além disso, deve ser considerada a transferência deste tipo de bactéria aos manipuladores que poderiam atuar como disseminadores deste patógeno na comunidade.