Resumo

A frequência dos patotipos diarreiogênicos de Escherichia coli (DEC) varia na população conforme idade e área geográfica. O objetivo deste estudo foi determinar a frequência das DEC em pacientes de todas as idades, com queixa de diarreia, atendidos nas Unidades de Saúde do município de Vitória-ES, entre dezembro 2007 - junho 2011. E. coli foi identificada por métodos bioquímicos e os patotipos de DEC por: (i) PCR para tEPEC (eaeA, bfpA), aEPEC (eaeA), EAEC (aat), ETEC (lt e/ou st), EIEC (ipaH) e STEC (stx1 e/ou stx2); (ii) hibridização de colônias (sondas aat, daaC e eae) e; (iii) adesão em cultura de células HEp-2 (aderência agregativa – AA e difusa - AD). EAEC, DAEC e aEPEC foram caracterizados por métodos fenotípicos (biofilme e película) e genotípicos (PCR para genes virulência). Foram obtidas 328 amostras de fezes e E. coli foi isolada de 281 (85,7%). DEC foi identificada em 36,5% dos casos, sendo: EAEC, 18,3% (n=60); DAEC, 12,8% (n=42); aEPEC, 3% (n=10), 0,6% (2/328) ETEC. EPECt, EHEC e EIEC não foram isolados. Dos 60 isolados de EAEC (AA), 25% foram aat+ por PCR e 31,7% por hibridização; 31,7% foram tEAEC (aggR+) e 68,3%, aEAEC (aggR-); 20% possuíam genes para fímbrias de AA (aggA 1,7%, aafA 0%, agg3A 11,7%, hdA 8,3%) e; 21,7% formaram biofilme. A presença dos genes aat, agg3A, hdA, aap, sat, pet, set1A e iucA, formação de biofilme e película foram significativos nos isolados de tEAEC (p<0,05). Dentre os 42 isolados de DAEC, a sonda daaC detectou 52,4%; PCR evidenciou adesinas afa/Dr (daaD e afa) em 59,5% e adesina AIDA-I não foi encontrada, sugerindo que outras adesinas estejam envolvidas na adesão da DAEC. Em aEPEC, os genes da ilha de patogenicidade OI-122 pesquisados, nleE, efa1/lifA e paa foram evidenciados em 30% dos isolados. EAEC, reconhecida como causa de diarréia em crianças e adultos, foi encontrada em freqüência significativa. Embora controversos como causa de diarreia, os isolados de DAEC afa/Dr+ são conhecidos como mais patogênicos. aEPEC tem sido relatada em incidência crescente em países desenvolvidos como causa de diarreia em adultos; enquanto tEPEC vem sendo observada no Brasil em frequência decrescente. A baixa frequência de ETEC confirma estudos prévios realizados no sudeste do Brasil.