Resumo

Muitas espécies de uso popular são preparadas como tinturas alcoólicas com diferentes aplicações no combate a doenças infecciosas. As espécies herbáceas Pedilanthus tithymaloides (coramina) e Kalanchoe pinnata (corama), e a espécie arbórea Morus nigra (amora preta) foram avaliadas quanto ao seu potencial antimicrobiano. Para o presente trabalho, extratos hidroalcoólicos das folhas dessas espécies foram avaliados contra cepas padrão de Enterococcus faecalis (ATCC29212) e Candida albicans (ATCC10231), e uma cepa de Pantoea agglomerans isolada do ambiente. Os extratos foram obtidos das folhas frescas por maceração em etanol (70%) e deixados em repouso por 14 dias em frasco âmbar, seguidos de filtração a vácuo. A bioatividade foi testada por diluição em caldo nas concentrações de 5,0; 9,0; 16,0 e 28,0% v/v. Uma solução de clorexidina (CHX 0,12%) serviu como controle positivo e água destilada estéril como controle negativo. Após 24h de incubação, alíquotas de cada suspensão (extrato+caldo nutritivo+micro-organismo) foram inoculadas em placas de Petri para contagem total de viáveis (UFC/ml). Nas concentrações de 5 e 9% nenhuma das espécies pareceu alterar a proliferação bacteriana ou fúngica (UFC > 300 colônias). A partir da concentração de 16%, M. nigra e P. tithymaloides induziram uma redução significativa, com 1,3 log UFC/ml e 2,0 log UFC/ml, respectivamente. Entretanto, nenhuma das espécies conseguiu inibir totalmente o crescimento microbiano, mesmo na concentração mais alta. Os extratos hidroalcoólicos (tinturas) das plantas testadas não apresentaram atividade antimicrobiana significativa nas condições do presente estudo. Entretanto, não se pode descartar outras possíveis aplicações das mesmas, como antibiofilmes, por exemplo, razão pela qual mais estudos serão necessários, incluindo aplicação de diferentes metodologias que possam justificar sua larga utilização pelas populações tradicionais.