Resumo

A flora brasileira, diversa e rica em espécies de valor medicinal, é alvo de pesquisas que visam sua utilização como fonte de recursos terapêuticos. A espécie Handroanthus heptaphyllus tem sido amplamente avaliada quanto as suas propriedades terapêuticas, apresentando ações biológicas ainda desconhecidas. Diante de seu potencial terapêutico, amostras protéicas obtidas de sementes de H. heptaphyllus foram avaliadas quanto à ação antimicrobiana sobre cepas de Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. As sementes foram coletadas no município de Jardim-CE, foram secas em temperatura ambiente e trituradas obtendo-se uma farinha; esta foi submetida a extração a 10% (em NaCl 0,15M, overnight, a 20º C, sob agitação), seguida de filtração em gaze e centrifugação refrigerada (8000 rpm, 20 min) para obtenção do extrato bruto (EB). Uma purificação protéica parcial do EB foi realizada através de precipitação salina com sulfato de amônio a 80% (por 4h, a 20º C, sob agitação), seguido de centrifugação refrigerada (8000 rpm, 20 min). A fração precipitada (F80) foi ressuspendida em NaCl 0,15 M e submetida à diálise exaustiva em membrana semipermeável. EB e F80 foram quantificadas proteicamente a partir de uma curva padrão de albumina sérica bovina. EB e F80 apresentaram conteúdo protéico de 12,9 mg/ml e 2,8 mg/ml, respectivamente. Os ensaios antimicrobianos foram realizados em triplicata pelo teste de inibição por difusão em disco, com modificações. No meio de cultura em placa contendo as cepas inoculadas, foram perfurados poços nos quais EB (100 µg) e F80 (5 µL e 2,5 µL) foram aplicadas; água destilada e gentamicina foram usadas como controles negativo e positivo, respectivamente. As placas foram mantidas por 24 h a 37º C e, em seguida, foram feitas medições dos raios de halos de crescimento ou de inibição do crescimento. Para análise estatística, foi considerada a média±desvio padrão dos raios dos halos de inibição. O controle positivo para S. aureus e para P. aeruginosa apresentou valor de médias±desvio padrão de 20±0.5 e 17±0, respectivamente. Nas condições experimentais utilizadas e nas concentrações avaliadas, EB e F80 não apresentaram ação antimicrobiana sobre as cepas de S. aureus e P. aeruginosa testadas. Concluiu-se que outras concentrações das amostras avaliadas, bem como amostras obtidas através de outros protocolos devem ser analisadas contra esses e outros microrganismos para definir se o conteúdo protéico de H. heptaphyllus possui ação antimicrobiana.