Resumo

A resistência à oxacilina em Staphylococcus spp. é decorrente da integração do SCCmec, onde está localizado o gene mecA, que codifica proteína de baixa afinidade à penicilina (PBP2a). O complexo mec é também composto pelos genes mecRI e mecI, com atividade repressora e anti-repressora, respectivamente. Estudos sugerem que espécies de Staphylococcus coagulase-negativo (ECN), em especial S. sciuri carreadores do gene homólogo pbpD, desempenharam papel importante na origem do gene mecA. O presente estudo avaliou 210 amostras de pele e conduto auditivo externo de camundongos e 60 amostras de cavidade nasal de equinos saudáveis provenientes do Biotério e da Fazenda Modelo Gericinó, ambos do Instituto de Biologia do Exército do Rio de Janeiro. As espécies de ECN foram identificadas através das provas de coagulase, resistência à bacitracina e novobiocina, oxidase e fermentação de açúcares. A detecção fenotípica da resistência à oxacilina foi realizada através do teste de difusão com discos de oxacilina e cefoxitina. Os produtos de PCR positivos foram purificados, sequenciados, editados e comparados com outras sequências do gene mecA de diferentes origens. Resultados fenogenotípicos para caracterização de espécie foram concordantes para 59,52% (25/42) e 78,57% (11/14) de S. lentus e S. sciuri, respectivamente. Os testes de difusão em disco com oxacilina e cefoxitina apresentaram 100% e 83% de sensibilidade, respectivamente, na predição do gene mecA. O gene mecA foi detectado em 10,71%(6/56), e destes, um total de 50% (3/6) também apresentou os genes mecI e mecRI. O gene pbpD foi detectado em 21,42%(12/56) e em 100% (11/11) dos S. sciuri que não apresentaram qualquer expressão fenotípica de resistência à oxacilina. O alinhamento do gene mecA de diferentes origens e a análise do dendograma formado, evidenciou a formação de dois grupamentos distintos: um proveniente de amostras bovinas e outro de amostras humanas, equinas, de roedores, de cães e de gatos. A similaridade das sequências do gene mecA dos isolados equinos com os de amostras humanas, corroboram com a hipótese de que a evolução de um gene de resistência está mais intimamente relacionada com o tipo de hospedeiros do que com o ambiente no qual a espécie bacteriana está inserida.