Resumo

Introdução: Streptococcus pneumoniae é um patógeno responsável por diversas manifestações clínicas não invasivas e invasivas. Como medida preventiva, nas últimas décadas, as vacinas multivalentes contra tipos capsulares específicos de S. pneumoniae foram adotadas em diversos países, sendo que o Brasil adotou a vacina pneumocócica decavalente (PCV10) a partir de 2010. O presente estudo objetivou descrever as mudanças no perfil epidemiológico da doença pneumocócica invasiva (DPI) em Salvador-Bahia no período após a introdução da PCV10. Material e Métodos: Uma vigilância para identificação dos casos de DPI foi conduzida no Hospital Couto Maia (HCMaia), referência estadual para o diagnóstico de meningites, no período de junho/2010 a maio/2013, na qual todos os casos de cultura positiva foram incluídos nesta casuística. Concomitantemente, uma vigilância laboratorial em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia pesquisou os casos de DPI em outros sete hospitais da cidade de Salvador. Após identificação, todos os isolados foram submetidos à determinação do tipo capsular por PCR-Multiplex, conforme protocolos do CDC, EUA. A incidência foi calculada tendo como base os dados populacionais do IBGE (2010). Resultados: No período de 06/2010 a 05/2013, 105 casos de DPI foram identificados em Salvador, com incidência geral de 1,3 casos/100.000 habitantes-ano. Em crianças menores de cinco anos a incidência de DPI foi de 15,13 casos/100.000 habitantes-ano, 9,08 casos/100.000 habitantes-ano e 1,21 casos/100.000 habitantes-ano nos anos que se seguiram à introdução de PCV10, respectivamente. A incidência de IPD entre individuos ≥ 60 anos reduziu de 4,44 casos/100.000 habitantes-ano no primeiro ano para 0,40 casos/100.000 habitantes-ano no terceiro ano do estudo. O percentual de DPI devido aos sorotipos da PCV10 reduziu de 45,2% para 29,4% ao longo do período estudado. O sorotipo não vacinal de maior frequência no período foi o 12F (9,7%). Conclusões: No estado da Bahia, onde a cobertura vacinal para PCV10 até a presente data foi de 58,86%, os dados revelam mudanças no perfil epidemiológico da DPI, principalmente com a redução de casos por sorotipos vacinais, bem como uma redução de casos nas faixas etárias de 0-5 anos e ≥ 60 anos. Neste contexto, é imprescindível continuar o monitoramento da DPI para auxiliar na avaliação dos programas de prevenção no Brasil.