Resumo

Uma alternativa que pode ser utilizada pra minimizar o efeito dos derramamentos de hidrocarbonetos em solos da Antártica é a biorremediação, técnica que utiliza processos biológicos para degradação do poluente. A aplicação dessa técnica em ambiente antártico requer a utilização de micro-organismos nativos. Assim, é importante que se examine o efeito desses contaminantes sobre esses micro-organismos e o potencial destes em degradar tais contaminantes. O objetivo desse trabalho foi avaliar a sensibilidade de fungos isolados de solo antártico contaminado com óleo diesel a este contaminante e testar a possível utilização dos hidrocarbonetos do óleo diesel pelos fungos como fonte de Carbono. Quatro fungos filamentosos (FA2, FA3, FA5 e FA12) isolados anteriormente do solo da EACF foram crescidos em meio Bushnell Haas modificado (em 1 L de água: 0,2g de MgSO4; 1,0g de KH2PO4; 1,0g de K2HPO4; 0,5g de NaNO3; 0,5g de NH4Cl; 0,05g de FeCl3; 0,02g de CaCl2; 15g de agar bacteriológico) com pH 5,6. Para esse crescimento os fungos foram inoculados, em triplicata, em papéis de filtro estéreis colocados sobre a superfície do meio de cultura enriquecido com óleo diesel utilizado na EACF, filtrado em membrana de 0,22µm de poro, na concentração de 1%. Placas contendo apenas o meio mínimo sem adição de óleo foram utilizadas como controle. Após 21 dias de crescimento os filtros com as hifas foram secos em estufa a 60ºC por 48 horas e em seguida pesados. O peso da biomassa foi calculado diminuindo-se o peso dos filtros após o crescimento dos fungos menos o peso inicial de cada filtro. Foi feito um teste T, com um nível de significância de 5%, onde o peso foi a variável dependente, e o fungo, independente. Para os quatro fungos, o crescimento foi significativamente maior na ausência de óleo diesel (t=7,310; p=0,001 para FA2; t=5,270; p=0,006 para FA3; t=21,611; p=0,000 para FA5 e t=10,108; p=0,000 para FA12). Os resultados indicam que, além de não demonstrarem potencial utilização dos hidrocarbonetos, todos os fungos testados são sensíveis à presença do óleo diesel utilizado na EACF, já que cresceram menos na sua presença.