27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1798-1


Poster (Painel)
1798-1Caracterização de cepas Aspergillus seção Flavi isoladas de amostras orgânicas de castanha-do-Brasil.
Autores:Reis, T.A. (ICB-USP - Instituto de Ciências Biomédicas - Universidade de São Paulo) ; Atayde, D.D. (ICB-USP - Instituto de Ciências Biomédicas - Universidade de São Paulo) ; Baquião, A.C. (ICB-USP - Instituto de Ciências Biomédicas - Universidade de São Paulo) ; Correa, B. (ICB-USP - Instituto de Ciências Biomédicas - Universidade de São Paulo)

Resumo

A castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa) é o mais importante produto florestal não madeireiro extraído da Amazônia, comercializado nos mercados interno e externo. Os principais importadores dessas castanhas são países da América do Norte e da Europa, onde a demanda de produtos orgânicos vem crescendo para atender aos consumidores preocupados com segurança alimentar. Nesse contexto, a identificação precisa de fungos toxigênicos torna-se importante, já que a castanha-do-Brasil é suscetível à colonização por esses microorganismos. A presente investigação objetivou caracterizar 47 cepas de Aspergillus seção Flavi isoladas de castanhas-do-Brasil orgânicas coletadas no Município de Manicoré, Amazonas. O estudo do perfil dos isolados foi realizado através de abordagem polifásica (identificação morfológica, análise de extrólitos e sequenciamento de multi-genes). Os resultados apontaram Aspergillus flavus como a principal espécie encontrada em castanhas-do-Brasil orgânicas (74,4%), seguido por A. nomius (12,7%), A. caelatus (10,6%) e A. tamarii (2,1%). O potencial micotoxigênico revelou 80,0% de cepas de A. flavus produtoras, sendo que 14,3% produziram somente aflatoxinas do grupo B (AFB), 20,0% somente ácido ciclopiazônico (ACP) e 45,7% ambas. Os isolados de A. flavus produziram AFB com níveis entre 0,8 ng/g e 493,7 ng/g e, os que produziram ACP, foram de 34,9 ng/g a 7627,5 ng/g. Todos os isolados de A. nomius foram produtores de AFB e AFG com níveis de aflatoxinas totais entre 13,14 ng/g e 267,94 ng/g, e não produziram ACP. Os isolados de A. caelatus e A. tamarii não foram micotoxigênicos. O perfil das cepas de Aspergillus seção Flavi isoladas de castanhas-do-Brasil orgânicas, por abordagem polifásica, permitiu a identificação confiável dessas espécies. Não há consenso sobre a população de Aspergillus predominante nesse substrato. Aparentemente, a origem, processamento, condições de transporte e armazenamento das amostras influenciam na presença das espécies encontradas. Esse estudo é relevante, uma vez que as espécies de Aspergillus seção Flavi são semelhantes morfológica e molecularmente, entretanto A. nomius são capazes de produzir maiores quantidades de aflatoxinas do que A. flavus. Assim, o conhecimento da população de fungos é primordial para o desenvolvimento de estratégias viáveis para controle de aflatoxinas em amostras orgânicas de castanhas-do-Brasil.