27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1777-1


Poster (Painel)
1777-1TOXICIDADE DA DEGRADAÇÃO DE HPA POR CONSÓRCIOS DE MICRO-ORGANISMOS
Autores:Vieira, G.A.L. (UNESP - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho) ; Silva, G.H. da (CENA-USP - Centro de Energia Nuclear na Agricultura) ; Monteiro, R.T.R. (CENA-USP - Centro de Energia Nuclear na Agricultura) ; Oliveira, V.M. de (CPQBA-UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Sette, L.D. (UNESP - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita FilhoCPQBA-UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo

Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) constituem uma importante classe de produtos químicos tóxicos, que ocorrem em diferentes ecossistemas e são poluentes prioritários. Uma abordagem promissora no controle e destruição de compostos orgânicos contaminantes é a biorremediação, que utiliza o potencial metabólico de micro-organismos para degradar poluentes em ambientes contaminados. A utilização de associações microbianas está ganhando atenção, pois possibilitam um espectro mais amplo de degradação do que a exibida por espécies isoladas. Neste contexto, o presente trabalho empregou, na degradação de benzo[a]pireno (BaP), dois consórcios microbianos (C1 e C2) compostos por fungos filamentosos (F) derivados de ambiente marinho e bactérias (B) provenientes de reservatório de petróleo (off-shore), sendo: C1) F1 + F2 + B1 e C2) F1 + F2 + B2. Os fungos foram cultivados durante sete dias em placas de Petri e após esse tempo dois cilindros de 5 mm foram transferidos para Erlenmeyers contendo 10 mL de meio mineral e cultivados por três dias sob agitação. As bactérias foram cultivadas em placas de Petri por 24h e uma alçada transferida para tubo de ensaio contendo 10 mL de meio mineral, durante 16h. Sua densidade óptica foi medida em espectrofotômetro em 600 nm (o valor de 0,4 foi considerado para os ensaios). Erlenmeyers contendo 50 mL de meio mineral, o consórcio microbiano e 0,5 mg/mL de BaP foram mantidos em incubadoras de agitação durante 7 dias a 150 rpm e 28 oC. A amostragem se deu em tempo zero (T0) de exposição do BaP ao consórcio microbiano e tempo de sete dias de experimento (T7). A toxicidade aguda das amostras foi determinada utilizando fotobactérias Vibrio fischeri (NRRL B-11177), e equipamento luminômetro Biolux. As leituras foram realizadas em tempos de 5, 15 e 30 minutos de exposição da bactéria à amostra. Em C1, no tempo de 30 minutos de exposição à bactéria V. fischeri, a amostra em T0 apresentou EC(50) de 21,2%, enquanto que a amostra de T7 apresentou EC(50) de 0,11%, ambas tóxicas. Os intermediários da degradação do BaP podem, muitas vezes, ser mais tóxico que o próprio composto inicial, o que explica a toxicidade mais elevada ao final do experimento de sete dias. Para C2, no tempo de 30 minutos de exposição à bactéria, a amostra de T0 apresentou EC(50) de 0,07%, sendo considerada tóxica, enquanto que a amostra de T7 não inibiu a luminescência da bactéria V. fischeri, indicando não toxicidade ao final da biodegradação do BaP pelo consórcio microbiano. Os resultados sugerem que a bactéria B2 apresentou uma maior contribuição para a detoxificação em comparação com B1. A associação microbiana C2 empregada neste trabalho possui potencial de degradação e detoxificação do BaP, estimulando a condução de novos estudos com esse consórcio. Cabe destacar que seis outras diferentes associações microbianas serão ainda avaliadas quanto ao potencial de detoxificação do BaP.