27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1748-2


Poster (Painel)
1748-2PARACOCCIDIOIDOMICOSE NO ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL.
Autores:Krakhecke-Teixeira, A.G. (FUNTROP - Fundação de Medicina Tropical do TocantinsIMTSP/USP - Instituto de Medicina Tropical/Universidade de São Paulo) ; Andrade Jr, H.F. (IMTSP/USP - Instituto de Medicina Tropical/Universidade de São Paulo)

Resumo

A paracoccidioidomicose (PCM) é a micose sistêmica mais prevalente na América Latina e no Brasil, causada pelos fungos dimórficos Paracoccidioides brasiliensis ou Paracoccidioides lutzii, somente identificáveis pela presença de genes específicos. O Tocantins é um estado com ambientes amazônicos e de cerrado, onde a doença poderia ser causada por ambas as espécies. Foram diagnosticados 106 casos de PCM atendidos no Hospital Público de Doenças Tropicais do Tocantins durante 27 meses, pelo exame micológico direto, com média anual de 47,1 casos, demonstrando que o Tocantins é uma região de elevada endemicidade. A PCM prevaleceu no sexo masculino, na faixa etária de maiores de 50 anos, e a forma clínica pulmonar crônica em 67% dos casos. A razão encontrada entre os gêneros masculino e feminino foi de 2,65:1, menor que em outras regiões e explicável por uma maior exposição das mulheres ao fungo. Apesar da PCM ter um aspecto ocupacional ligado às atividades rurais, encontramos nas mulheres uma maior frequência de ocupações urbanas, diferindo do descrito na literatura, provavelmente pela urbanização dos casos. Analisamos comparativamente as amostras do fungo isoladas no Tocantins com outras descritas em outras regiões do Brasil. Das amostras clínicas avaliadas por biologia molecular, a presença do gene gp43 de P. brasiliensis foi encontrado em 56,5% (21/37) e em 30% (11/37) foi encontrado somente o gene HSP70 do P. lutzii. Também encontramos 13,5% (5/37) de amostras com os dois marcadores, que estão de acordo com o detectado pelas amostras controle Pb01 e Pb8334. Com base nestes achados podemos dizer que P. lutzii e P. brasiliensis causam PCM em pacientes do Tocantins e região, que pode ser considerada área endêmica com urbanização dos casos, com importante consequência para o diagnóstico e tratamento da micose, o que demonstra a importância da inclusão da PCM como agravo de notificação compulsória e a necessidade de medidas sanitárias específicas.