27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1729-1


Poster (Painel)
1729-1Identificação e caracterização do cogumelo vermelho associado ao uso da fibra de coco na produção de mudas cítricas
Autores:Aguilar-Vildoso, C.I. (UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará) ; Rossi, M.L. (CENA - Centro de Energia Nuclear na Agricultura) ; Nogueira, N.L. (CENA - Centro de Energia Nuclear na Agricultura) ; Pizzirani-Kleiner, A.A. (ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz)

Resumo

Na produção de mudas cítricas com substrato a base de fibra de coco vem ocorrendo a presença de um cogumelo vermelho que vem provocando perdas no Estado de São Paulo. Este trabalho visou caracterizá-lo macroscopicamente e microscopicamente, além de realizar a sua identificação molecular. Foram coletados basidiomas em Araras e Cordeirópolis-SP. Os basidiósporos foram visualizados por microscopia ótica (MO) e eletrônica de varredura (MEV). Os estipes foram desinfetados com álcool 96% e realizado o isolamento em meio cenoura-ágar (200-20 g/L) suplementado com tetraciclina (50 µg/mL). A extração de DNA foi realizada do micélio das colônias e o sequenciamento do produto do PCR obtido com os primers ITS1 e ITS4. Este fungo desenvolve cogumelos em locais expostos à luz, liberando grande quantidade de esporos marrom avermelhados ou ferruginosos. A alteração na qualidade da fibra de coco é visual, com aspecto de fios mais finos e de coloração mais clara, não ocorrendo impermeabilização do substrato, mas diminuindo a capacidade de retenção de água. Os cogumelos possuem píleo e estipe, os quais podem ser isolados, agrupados a cespitosos. Os píleos são de formato convexo, umbonado, aplanado, plano-convexo a plano-campanulado, medindo de 9 a 67 mm de diâmetro e 25 a 88 mm de altura. A cor do basidioma varia de homogênea para uma diluição das regiões pigmentadas, como um aspecto de mármore, variando de marrom avermelhado ao roxo com fundo branco a ligeiramente creme. As lamelas são decorrentes e amarelas, mas se tornam ferruginosas pelos esporos. O estipe não é reto e apresenta estrias. Na MO, os esporos eram ornamentados e marrons a ferruginosos. Na MEV, o comprimento dos basidiósporos foi de 6,64 ± 0,32 µm e a largura de 4,83 ± 0,19 µm. A ornamentação dos esporos dá uma aparência dos cravos das chuteiras de futebol. Foi realizado os postulados de Koch, ocorrendo a formação dos primórdios dos corpos de frutificação, alteração do substrato e reisolamento do fungo. O cogumelo vermelho foi identificado pela região ITS como Gymnopilus dilepis (apesar de ser a mesma espécie molecular de G. lepidotus), o qual foi confirmado pelos dados morfológicos, o qual representa a primeira constatação no Brasil e traz um questionamento como teria sido sua introdução, assim como a consideração que mesmo micro-organismos saprófitas podem se comportar completamente diferentes do esperado, ocasionando graves prejuízos nos ambientes naturais como nos sistemas de produção agrícolas.