Resumo

Os marsupiais do gênero Didelphis spp., são animais selvagens que podem ser encontrados constantemente nos ambientes domiciliar e peridomiciliar, tornando-se assim animais sinantrópicos, o que pode facilitar na transmissão de agentes infecciosos para o homem e animais domésticos. A proximidade de marsupiais do gênero Didelphis com seres humanos, assim como sua presença na clínica médica veterinária e em centros de triagem de animais silvestres, gera uma necessidade de conhecimento sobre estes animais para os profissionais da área. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar a microbiota do conduto auditivo e conjuntiva ocular de Didelphis albiventris. Utilizaram-se nove marsupiais de vida livre, clinicamente sadios, capturados no município de Viçosa – Alagoas. As amostras foram colhidas do conduto auditivo e conjuntiva ocular através de de swab estéril. O material foi semeado pela técnica de esgotamento de alça em placas de Petri contendo meio ágar-sangue de ovino a 10%, e meio ágar McConkey. Em seguida foram incubadas em estufa bacteriológica por 48 horas em ambiente de aerobiose a 37°C. As amostras foram submetidas à observação de características macroscópicas das colônias, e microscópicas do agente, por meio de coloração de Gram. No conduto auditivo a bactéria encontrada com maior frequência foi Staphylococcus sp com 51,72% (15/29), seguida por Bacillus sp 30% (9/29) e Streptococcus sp com 10,34% (3/29). Identificou-se Micrococcus sp e Pseudomonas sp em 3,44% (1/29) das bactérias isoladas. Não foi detectada a presença de Malassezia pachydermatis, diferente do perfil microbiológico de cães e gatos e outras espécies de animais silvestres, que possuem o patógeno como habitante normal e oportunista. Os gêneros identificados na conjuntiva foram Staphylococcus sp 62,5% (10/16), Bacillus sp 18,75% (3/16), Micrococcus sp 12,50% (2/16) e Streptococcus sp 6,25% (1/16). Os microrganismos identificados como constituintes da microbiota de conduto auditivo e conjuntiva ocular de Didelphis albiventris são predominantemente Gram-positivos, sendo os gêneros prevalentes Staphylococcus sp, e Bacillus sp. Apesar de serem consideradas comensais de pele e mucosas, são patógenos oportunistas com elevado potencial de virulência, podendo acarretar na transmissão de zoonoses para o homem.