Resumo

INTRODUÇÃO: Os cães representam uma fonte de disseminação de bactérias resistentes a antimicrobianos devido ao contato próximo com humanos e ao uso intenso dessas substâncias no tratamento das infecções caninas. A pesquisa de novos antimicrobianos vem se tornando imprescindível, pois amplia as perspectivas quanto ao desenvolvimento de novos agentes para compor o arsenal terapêutico contra micro-organismos multirresistentes. Nesse contexto, as esponjas marinhas e os seus micro-organismos associados representam uma fonte potencial de novos antimicrobianos. No presente trabalho, 122 amostras de Staphylococcus sp. coletadas de cães, portadores ou com otite externa, foram avaliadas quanto ao perfil de susceptibilidade a antimicrobianos e as amostras multirresistentes foram testadas frente a bactérias associadas a esponjas marinhas, previamente caracterizadas como produtoras de substância antimicrobiana. MATERIAIS E MÉTODOS: Cinquenta e quatro (44,3%) do total de 122 amostras caninas coletadas, foram submetidas ao teste de difusão a partir de disco para determinação do perfil de resistência a antimicrobianos. Posteriormente, as amostras que revelaram perfil de multirresistência foram testadas frente a seis amostras de bactérias produtoras de substâncias antimicrobianas isoladas de esponjas marinhas, coletadas na cidade do Rio de Janeiro, a fim de avaliar alguma atividade inibitória de crescimento sobre as amostras multirresistentes. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Das 54 amostras de Staphylococcus avaliadas até o presente momento, nove demonstraram perfil de multirresistência e apenas uma delas, identificada como Staphylococcus schleiferi isolada de um cão com otite externa, apresentou seu crescimento inibido por uma das bactérias produtoras de substância antimicrobiana. Apesar de preliminares, os resultados obtidos ratificam o potencial antimicrobiano de bactérias associadas a esponjas marinhas. Atualmente, o perfil de susceptibilidade a antimicrobianos de todas as amostras caninas obtidas está sendo determinado. Além disto, um número maior de bactérias com atividade antimicrobiana isoladas de esponjas marinhas está sendo avaliado frente a amostras de Staphylococcus multirresistentes. CONCLUSÃO: Diante da problemática da multirresistência bacteriana, a biodiversidade brasileira pode fornecer subsídios para a busca de novas substâncias antibacterianas na natureza, incluindo fontes como esponjas marinhas e suas bactérias associadas, onde espécies raras ou novas podem apresentar grande potencial para o desenvolvimento de novas gerações de agentes antibióticos. Instituições de Fomento: CAPES, FAPERJ e CNPq